Com duas mortes e 80 casos, Ipu (CE) alega surto de catapora e pede vacinas ao Ministério da Saúde
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Do UOL, em Maceió
Os moradores do município de Ipu (CE), a 324 km de Fortaleza, estão
assustados com a grande quantidade de pessoas adoeceram de catapora em
2012. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, cerca de 80 pessoas foram
infectadas e duas crianças morreram em decorrência de complicações da
doença.
Técnicos da secretaria municipal e uma equipe de epidemiologistas da
Sesa (Secretaria da Saúde do Estado do Ceará) estão catalogando, desde
esta segunda-feira (16), os casos suspeitos para confirmar oficialmente
os doentes. O trabalho está contabilizando registros da doença por
equipes do PSF (Programa de Saúde da Família) e agentes de saúde. A
previsão é que até o final da semana o trabalho seja concluído e o
número exato de pessoas que manifestaram a doença seja repassado para o
Ministério da Saúde.
Segundo a secretaria municipal de saúde, a prefeitura solicitou ao
Ministério da Saúde que sejam enviadas doses da vacina contra catapora o
mais rápido para imunizar uma parte da população que está mais
vulnerável para contrair a doença.
A secretária de Saúde de Ipu, Efigênia Mororó, disse ao UOL que
emergencialmente pessoas do grupo de risco – com imunidade baixa e
gestantes que tiveram contato com doentes de catapora – estão tomando
doses de imunoglobulina para aumentar a imunidade do organismo.
Na semana passada, as crianças Maria Eduarda Alves Linhares, 11, e Ryan
Peres Tavares, 9, morreram depois de contraírem a doença e terem
complicações na assepsia das bolhas, causando infecção generalizada.
A menina ainda foi levada para o hospital, mas, segundo a SMS, o quadro
evoluiu rapidamente. “Em menos de 48 horas a criança veio a falecer.
Estamos aguardando os resultados dos exames que vão apontar quais
bactérias infectaram as duas crianças, mas provavelmente foi a
estafilococos”, disse a secretária de Saúde de Ipu, Efigênia Mororó.
Efigênia afirmou que a prefeitura está preocupada com o grande número
registrado da doença e “já caracterizou como surto”. “Nesta época do ano
é comum surgirem surtos de catapora em várias cidades brasileiras, mas
estamos em alerta, pois foram duas mortes decorrentes da doença aqui em
localidades distintas”, disse ela, ressaltando que a demora em procurar
socorro médico facilitou a infestação de bactérias nas bolhas geradas
pela catapora no corpo das duas crianças.
“O problema é que as pessoas querem se tratar em casa, mas é preciso ir
ao médico para obter o tratamento correto. A catapora em si não mata, o
que leva a óbito são as bactérias que encontram porta de entrada pelas
bolhas e infestam o corpo. Em um dos casos, a criança sequer tomou banho
no período em que estava doente e a assepsia é imprescindível para
combater as bactérias”, informou a secretária, que acrescentou que as
duas crianças tinham a imunidade baixa e uma delas fazia tratamento de
saúde contra uma alergia rara, no Rio de Janeiro.
Segundo ela, moradores estão usando máscaras para saírem às ruas com
medo de contrair o vírus, pois a vacina contra a catapora não faz parte
do calendário básico de vacinação da rede pública. Quem tem condições
financeiras em custear uma dose da vacina contra varicela disponível na
rede particular já se imunizou. Mesmo com preços salgados, que variaram
entre R$ 150 a R$ 200, os estoques da vacina em clínicas particulares da
região de Ipu acabaram.
Estado nega surto
Apesar da Secretaria de Ipu afirmar que o município está vivendo um
surto de catapora, a Sesa nega que o número de casos seja caracterizado
surto. O coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Sesa, Manoel
Fonseca, disse ao UOL que a população deve ficar tranquila, já que
“apenas cinco casos, com duas mortes, foram registrados pelo Estado.”
“Não há motivo para pânico, nem para solicitação de vacinas contra
varicela ao Ministério da Saúde, pois foram casos isolados e essas
pessoas já tinha histórico de outras doenças”, destacou Fonseca.
Ele afirmou que o Estado enviou 200 doses da vacina, mas que nenhuma foi
utilizada. “Ainda estamos trabalhando com os números oficiais que
chegaram ao Estado, e não com os que município está falando. Nossa
equipe de epidemiologista está esta semana em Ipu tentando ver com as
equipes médicas do PSF, postos de saúde, hospitais e agentes de saúde
quem apresentou sintomas da doença para analisar se foi mesmo catapora”,
afirmou.
Para ele, as mortes das crianças ocorridas na semana passada foram
resultados de assepsias mau feitas e “após coçar as bolhas com as mãos
sujas, com a pele aberta para entrada de bactérias, as crianças tiveram
complicação que as levaram a óbito.” “Foram casos isolados e
excepcionais”, apontou.
A reportagem do UOL entrou em contato com o Ministério da Saúde, nesta
terça-feira (17), mas até a publicação do texto não recebeu resposta
sobre a ajuda ao município.
UOL

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