Parlamentares discutem com Marco Feliciano em
meio a protestos na CDHM (Foto: José Cruz/ABr)
meio a protestos na CDHM (Foto: José Cruz/ABr)
Deputados que compõem a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos
Humanos protocolaram nesta terça-feira (2) uma representação na
Procuradoria-Geral da República pedindo a abertura de uma nova ação
penal contra o deputado Marco Feliciano (PSC-SP), por suposta prática de
calúnia, difamação e injúria.
No pedido, Domingos Dutra (PT-MA), Érika Kokay (PT-DF) e Jean Wyllys
(PSOL-RJ), argumentam que Feliciano atingiu a honra deles com a
divulgação de um vídeo que ataca opositores políticos e lideranças do
movimento pelo fim da homofobia.
O vídeo levantou polêmica ao equiparar protestos contra Feliciano a
"rituais macabros". Em diversos trechos, o vídeo mostra partes de
declarações dos deputados em discussões na Câmara sobre direitos para a
comunidade LGBT. A narração fala que a comissão sempre foi presidida por
"simpatizantes de movimentos homossexuais" que fazem "discursos
políticos inflamados contra cristãos".
Procurada pelo G1, a assessoria de imprensa de
Felciano disse que ele não vai comentar a decisão dos parlamentares de
acionar o Ministério Público. O deputado já responde por ação penal em
que é acusado de estelionato no Supremo Tribunal Federal, além de denúncia do Ministério Público por suposta discrminação contra homossexuais.
"O exame das declarações difundidas no vídeo revela evidente vontade
consciente de atingir a honra dos noticiantes, tanto objetiva quanto
subjetiva, mediante imputação de atos tipificados como delitos
(agressão, vandalismo) ou de atos que simplesmente os desmoralizam
perante a sociedade (pedofilia, anticristãos,satânicos) mediante zomba
ate mesmo de religiões como a umbanda e candomblé (dano coletivo,
agressão à liberdade de crença)", diz a representação.
Calúnia ocorre quando o agressor atribui a alguém o cometimento de
crime. O crime de difamação é acontece quando é imputado à vítima um
fato ofensivo à sua reputação. Já a injúria ocorre quando são proferidas
palavras que atingem a honra e dignidade.
Para a deputada Érika Kokay, Malafaia e Feliciano devem ser punidos
pelo contexto do vídeo, que foi divulgado no Youtube pela Wap TV
Comunicação, que tem o deputado do PSC e o pastor como clientes. "O
vídeo traz imagens minhas em um contexto que sugere violência. O pastor
Feliciano diz que não fez o vídeo, mas tornou público esse vídeo e tem
que responder", afirmou.
Malafaia
O texto protocolado no Ministério Público também pede que sejam investigados cinco assessores de Feliciano e o pastor Silas Malafaia. Segundo os parlamentares, todos os representados participaram da confecção ou divulgação do vídeo.
Em nota publicada em seu site oficial, Malafaia afirma que entrará na
Procuradoria-Geral com uma ação por "denunciação caluniosa" contra os
três deputado que assinam o requerimento. O pastor afirma ainda que a
representação criminal cita um perfil falso do Facebook para argumentar
que ele teria cometido injúria e difamação. Ele também criticou a
atuação dos parlamentares e de ativistas gays.
"Os ativistas gays e seus defensores não suportam o debate democrático,
querem criminalizar a opinião, e, no Brasil, amparado pela
Constituição, opinião não é crime", argumenta o pastor na nota. "Os
ativistas gays e seus amigos querem calar tanto ele quanto eu, pois não
suportam o contraditório. Nenhum grupo social tem o monopólio das
ilegalidades, ou dos direitos", diz.
Anulação de eleição
Anulação de eleição
Érika Kokay afirmou ainda que entrará na manhã desta quarta (3) com recurso na Mesa Diretora da Câmara pedindo a anulação da sessão da Comissão de Direitos Humanos que elegeu Feliciano presidente do colegiado.
A reunião foi fechada por determinação do presidente da Câmara,
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), já que a sessão anterior foi
inviabilizada por protestos de manifestantes contrários ao deputado do
PSC.
“Vamos entrar com recurso na Mesa Diretora argumentando que a reunião
foi totalmente irregular. Ela foi fechada de forma irregular, ferindo o
regimento. O presidente na ocasião, Domingos Dutra (PT-MA), não a
presidiu, conforme diz o regimento. E também argumentaremos que o
deputado eleito, Marco Feliciano, contraria com sua postura todos os
princípios da Comissão de Direitos Humanos”, afirmou.
Outra estratégia dos deputados da Frente Parlamentar pela Defesa dos
Direitos Humanos será pedir aos líderes partidários que solicitem a
renúncia de seus representantes na comissão. O objetivo é esvaziar o
colegiado e pressionar Feliciano a renunciar. "Uma comissão sem
representantes passa a não existir", disse Kokay.
Repúdio
Nesta terça (2), ex-presidentes da Comissão de Direitos Humanos divulgaram nota de repúdio a uma declaração feita por Feliciano de que o colegiado era “dominado por Satanás”.
“Consideramos inaceitável a declaração feita pelo parlamentar
relacionando Satanás à comissão, o que mais uma vez demonstra a sua
incompatibilidade para presidi-la”, diz a nota, assinada por cinco
ex-presidentes do colegiado e três ex-vice-presidentes.
Na última sexta-feira (29), Feliciano disse, em um culto na cidade de
Passos, Minas Gerais, que as manifestações contrárias à permanência dele
na Comissão de Direitos Humanos da Câmara seriam motivadas pelo fato de
um pastor ocupar agora o posto que "até ontem era dominado por
Satanás".
"Eu queria só explicar o porquê de toda essa manifestação. Essa
manifestação toda se dá porque pela primeira vez na história deste
Brasil um pastor cheio de Espírito Santo conquistou espaço que até ontem
era dominado por Satanás", afirmou na ocasião. No Twitter, o deputado
do PSC disse que ao falar “Satanás” queria dizer “adversários”.o
deputado do PSC disse que ao falar “Satanás” queria dizer “adversários”.
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