Incertezas em relação ao rumo da economia brasileira e a cautela com a
crise política no país levaram o dólar à terceira alta consecutiva em
relação ao real ontem. A moeda americana chegou a bater R$ 3,357 durante
o dia e fechou no maior valor em mais de 12 anos.
O
dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve valorização de
1,60% no dia e de 4,82% na semana, para R$ 3,341 na venda. É a maior
cotação nominal desde 28 de março de 2003, quando estava em R$ 3,375 -em
valor real.
Já o dólar comercial, utilizado no comércio
exterior, avançou 1,57%, para R$ 3,347 na venda -valor nominal mais alto
desde 31 de março de 2003. Na semana, houve alta de 4,82%.
A
aversão ao risco também continuou pesando sobre a Bolsa brasileira: o
principal índice de ações nacional, o Ibovespa, encerrou a sessão em
baixa de 1,13%, para 49.245 pontos -renovando a menor pontuação desde 16
de março, quando estava em 48.848 pontos. O volume financeiro foi de R$
6,773 bilhões.
Com este desempenho, a queda acumulada pelo
Ibovespa na semana chegou a 5,91%. Foi a segunda perda semanal
consecutiva e a mais acentuada desde o período entre 8 e 12 de dezembro
de 2014, quanto cedeu 7,68%.
Ajuste fiscal
Segundo
operadores, o mercado continuou digerindo a decisão de corte da meta
fiscal do governo brasileiro, anunciada na noite de quarta-feira (22)
pelos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento).
Agora,
o governo espera fazer superavit primário de R$ 8,7 bilhões (0,15% do
PIB) em 2015. Antes, o alvo era de R$ 66,3 bilhões (1,1% do PIB).
Com
a perspectiva de que a dívida pública aumente, o Brasil corre risco de
perder o chamado grau de investimento -selo de bom pagador, obtido em
2008, quando o país entrou na rota dos grandes investidores. A leitura é
que o país terá de conviver com juros elevados por um período mais
longo.
“É um medo que a gente não via há muito tempo, e
compromete o desenvolvimento econômico que atingimos para chegar a esta
classificação”, disse Fabiano Rufato, gerente de câmbio da Western Union
no Brasil.
Reação
“Muitos movimentos
políticos e econômicos são percebidos com antecedência e colocados nos
preços dos ativos. É o que está acontecendo, com o mercado”, disse
Fernando Bergallo, diretor de câmbio da TOV Corretora.
Ele
ressaltou que a crise econômica que o Brasil vive fragiliza o governo e
deteriora ainda mais o quadro político no país. “O Executivo não
consegue conversar com o Legislativo, o que atrasa as aprovações de
medidas do ajuste fiscal e ameaça ainda mais a nota de risco brasileira.
Neste cenário, o mercado se sente perdido”
Das 66 ações do
Ibovespa, apenas 14 tiveram valorização ontem Os papéis de exportadoras
do setor de papel e celulose estiveram entre os ganhos, assim como no
último pregão, beneficiados pela alta do dólar. Fibria ganhou 1,26%,
para R$ 44,08. As ações preferenciais da Petrobras, mais negociadas e
sem direito a voto, perderam 1,28%. (das agências)
Fonte: O Povo Online
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