
Cliff, da raça beagle, foi capaz de detectar com 83% de eficácia uma
superbactéria apenas cheirando as salas com pacientes infectados Imagem:
VU University Medical Centre
O “melhor amigo do homem”, o cão (Canis lupus familiaris, uma subespécie de lobo-cinzento), pode estreitar ainda mais essa “amizade”.
Pelo menos no que depender de pesquisadores da Universidade VU
(Amsterdã, Holanda) os cães podem passar a ser parte dos esforços no
combate às temidas infecções hospitalares e o segredo disso está no
apuradíssimo olfato da espécie.
No experimento, um cachorro da raça beagle, apelidado de Cliff, foi capaz de detectar a presença da superbactéria Clostridium difficile com 83% de sensibilidade e 98% de especificidade, apenas cheirando as salas onde pacientes infectados e sadios estavam.
Quando o mesmo cheirou as fezes de pacientes infectados em comparação
com as de pacientes sadios, o índice subiu para 100% de sensibilidade e
caiu para 94% de especificidade. A superbactéria identificada por
Cliff geralmente afeta pacientes idosos que estão sendo tratados com
antibióticos. Ela provoca diarreia e, em casos extremos, inflamação
intestinal e a morte.
Os exames de laboratório usados atualmente são lentos, caros e podem
atrasar o início do tratamento em até uma semana. Os cientistas
envolvidos no estudo holandês afirmaram que usar um cachorro nos
hospitais para detectar os pacientes infectados é uma forma “rápida,
eficaz e popular” de evitar a propagação da bactéria.
A ideia de treinar um cachorro para detectar a Clostridium difficile surgiu
quando os pesquisadores do Centro Médico da Universidade VU, de
Amsterdã, notaram que as fezes contagiadas pela bactéria emitiam um odor
específico. Cliff, que nunca tinha sido treinado para aprender a
detectar a bactéria, passou por dois meses de instrução para farejar os
odores da bactéria em amostras de fezes e em pacientes
contagiados. Cliff tinha que se sentar ou deitar quando o
micro-organismo estivesse presente.
“Cliff demonstrou ser rápido e eficaz, rastreando uma sala completa do hospital para buscar os pacientes com as infecções da C. difficile em
menos de dez minutos. Para os propósitos de detecção, o cão não
precisou de uma amostra de fezes ou do contato físico com os pacientes”,
afirmaram os autores da pesquisa. Tudo indica que os cães podem
detectar a C. difficile no ar em volta dos pacientes”, afirmou a nota da equipe holandesa.
O método, no entanto, enfrenta resistência de parte da comunidade
médica devido o temor de que cães em ambiente hospitalar possam trazer
novas infecções ou propagar as já existentes. Além disso, o método não
deve substituir exames mais específicos em pacientes infectados.
De todo modo, esse e outros estudos em que cachorros foram capazes de
detectar tipos de cânceres, como o de pulmão, apontam para um novo
degrau no conhecimento sobre as relações entre humanos e caninos, que
podem já ter mais de cem mil anos.
Fonte: Diário do Nordeste.
Nenhum comentário:
Postar um comentário