A pesca industrial e as mudanças climáticas podem impactar no tamanho
dos peixes e torná-lo mais vulneráveis a predadores, de acordo com
estudo realizado por cientistas australianos e finlandeses, publicado no
periódico "Biology Letters", da Academia de Ciências Britânica. Com
isso, aumenta o risco de extinção de espécies cruciais para alimentação
dos humanos.
Estudiosos já tinham observado como a pesca industrial, ao capturar os
espécimes maiores, e o aquecimento global, ao reduzir o teor de oxigênio
dissolvido nos oceanos, reduzem o tamanho médio dos peixes. Mas as
consequências mundiais e de longo prazo deste fenômeno eram
desconhecidas.
Um modelo feito em computador deste encolhimento progressivo nos
próximos 50 anos tenta compreender o impacto sobre a população de cinco
espécies de peixes do Oceano Pacífico. Eles chegaram à conclusão de que,
mesmo com um tamanho reduzido em apenas 4%, em média, a taxa de
mortalidade vinculada aos predadores poderia aumentar em até 50% e o
volume de pesca diminuiria proporcionalmente.
Sobrepesca e mudança climática afeta tamanho de
peixes e ameaça espécies (Foto: Reprodução/TV Gazeta)
"Mesmo uma ligeira diminuição no tamanho de uma espécie de peixe pode
ter efeitos importantes em sua mortalidade natural", acrescentaram os
cientistas. Seus cálculos consideraram cinco espécies comumente pescadas
por barcos de arrasto australianos, entre elas o hoki, o congro-rosa e
uma variedade de peixe-crocodilo.
Segundo seus modelos, a massa total de cada espécie diminuiria entre 5%
e 35%, com exceção do hoki. Se o tamanho médio deste peixe encolher
muito, o número de hokis aumentaria 10% enquanto eles se aproximariam
das zonas costeiras para escapar de seus predadores.
Para os cientistas, não há dúvidas de que o ser humano está em curso de
mudar os ecossistemas marinhos de todo o planeta, diretamente através
da pesca ou indiretamente devido ao aquecimento do clima. "As práticas
que ignoram as mudanças atuais correm o risco de sobrestimar os recursos
em longo prazo e conduzir à sua superexploração", insistiram os autores
do estudo.
Fonte: G1.
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