Os abutres africanos voam longas distâncias e preferem se alimentar
fora dos parques nacionais, expondo-se assim ao risco de intoxicação ao
consumir carniça em zonas agrícolas, revelou um estudo recente.
O estudo, que acompanhou seis abutres africanos-de-costas-brancas (Gyps
africanus) durante vários meses usando dispositivos de rastramento via
satélite presos às costas das aves, foi divulgado na edição desta
semana da revista científica "PLoS ONE", dos Estados Unidos.
Os cientistas descobriram que os abutres percorrem distâncias muito
maiores do que se conhecia até agora, chegando a viajar até 220 km por
dia e cruzando rotineiramente fronteiras nacionais. As aves evitam se
alimentar nos parques nacionais protegidos porque preferem não competir
com outros carnívoros como leões e optam por buscar comida nas áreas
agrícolas.
Mas estas aves carniceiras com frequência encontram restos de animais
que contêm medicamentos veterinários nocivos ou que foram
deliberadamente envenenados para eliminar predadores.
Exemplar de abutre africano-de-costas-brancas (Gyps africanus)
(Foto: Yathin sk/Creative Commons)
Restaurantes para abutres
O estudo também encontrou evidências, no entanto, de que os abutres se aproximam da carniça deixada para atrai-los e permitir que os turistas os vejam, explicou o principal co-autor do estudo, Stephem Willis, da Durham University da Grã-Bretanha.
"Encontramos evidências de que algumas aves foram atraídas pelos
'restaurantes para abutres', carniça colocada regularmente como fonte
adicional de alimento para os abutres e graças à qual os turistas podem
ver as aves de perto", explicou Willis. "Esses 'restaurantes' poderiam
ser utilizados no futuro para atrair os abutres para zonas distantes dos
locais onde correm alto risco de intoxicação", afirmou.
O abutre-de-costas-brancas é uma espécie comum, mas em declínio na
África e agora corre risco de extinção. "As práticas agrícolas modernas
representam um risco maior de envenenamento fatal para os abutres",
disse outro co-autor do estudo, Louis Phipps.
"Administrar (às aves) alimentos não contaminados, investigar as
práticas veterinárias e educar os agricultores pode ser parte de uma
solução no futuro, se o número de abutres continuar caindo",
acrescentou.
Fonte: G1
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