Capacitar crianças e adolescentes a lidar adequadamente com as ferramentas digitais
e incentivar a reflexão sobre as produções das mídias é fundamental
para a garantia dos direitos da infância e juventude na avaliação de
especialistas que participaram do Seminário Internacional Infância e Comunicação – Direitos, Democracia e Desenvolvimento.
O
debate terminou na sexta-feira (8) e reuniu, por três dias em Brasília,
pesquisadores e representantes de organizações ligadas ao tema. Ao
participar de uma das mesas de discussão, o consultor independente de
mídia australiano Mike McCluskey, disse que a alfabetização em mídia é
tão “importante como ler e escrever”.
“É entender como o mundo
moderno interage e usar o que já existe de maneira eficaz para consumir,
publicar, participar de uma paisagem de mídia digital”, enfatizou. O
especialista acrescentou, no entanto, que os pais devem ficar atentos
aos riscos a que as crianças estão expostas no ambiente cibernético.
Segundo
ele, o público infantil precisar ser capacitado lidar com a falta de
segurança na internet. “Na Austrália temos uma campanha que alerta as
crianças do perigo de se meterem com estranhos. O mesmo se aplica ao
mundo cibernético. Quantos pais deixariam seus filhos andando soltos,
sozinhos em um shopping ou supermercado? Também não se pode deixar as
crianças sozinhas na rede”, argumentou.
Sobre TV
Já
a presidenta do Conselho Consultivo de Rádio e Televisão do Peru, Rosa
María Alfaro, que também participou dos debates do seminário, ressaltou
que uma pesquisa feita em seu país revelou que apenas 1,8% da oferta de
programas de TV é dedicada a essa parcela do público. Mesmo assim,
crianças e adolescentes assistem à TV, em média, três horas e meia por
dia e 83% deles reclamam da exibição de imagens violentas.
“Verificamos
que eles estão abandonados pelos meios e esse é um problema
latino-americano. Não há programas de televisão dedicados a eles, sendo
que a maioria tem conteúdo violento ou elementos sexuais. A sociedade
está deixando a infância marginalizada em assuntos midiáticos”,
lamentou. “Isso acontece porque os enxergamos somente como vítimas e não
como protagonistas da mudança”, acrescentou.
Durante o encontro, a
diretora do Conselho Nacional de Televisão do Chile, María Dolores
Souza, cobrou maior pluralidade e diversidade nas produções midiáticas.
Segundo ela, levantamento feito em seu país mostrou que 64% do público
infantil dizem que as crianças e os adolescentes retratados na TV têm
uma vida diferente da deles.
María Dolores também citou que há
muitas críticas principalmente em relação à imagem de mulheres, que são
retratadas como se “só quisessem fama, divertir-se de maneira sexy e com
uma preocupação excessiva com o aspecto físico” e dos adolescentes, que
costumam aparecer como “narcisistas e rebeldes”.
“Em geral, o
tratamento dado a determinados grupos sociais – como mulheres, indígenas
e as próprias crianças – é cheio de estereótipos, o que faz com que
eles não se vejam representados na mídia”, ressaltou.
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