O que parecia próximo de um final feliz, na verdade, transformou-se em um imbróglio judicial para a menina Ana Cecília Pontes Freitas Malveira, de 4 anos de idade. Ela ficou conhecida, nas redes sociais, por necessitar de transplante de medula para sobreviver.
De acordo com exames mais recentes, estado de saúde de Ana Cecília piorou (Foto: Arquivo Pessoal)
O governo do Estado foi obrigado a custear todo o
procedimento cirúrgico, no valor aproximado de R$ 500 mil, por uma
liminar expedida no fim do mês passado pela juíza Joriza Magalhães Pinheiro, titular da 9ª Vara da Fazenda Pública de Fortaleza.
Na última sexta-feira (8), contudo, após confirmar a liberação dos recursos para os pais da menina, por telefone, o executivo estadual mudou de ideia. No mesmo dia, a Procuradoria Geral do Estado (PGE)
entrou com pedido de suspensão de liminar na Justiça alegando evitar
os efeitos de “grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia
públicas”. O documento foi assinado pelo procurador do Estado, Iuri Chagas de Carvalho.
“Recebemos a notícia com muita tristeza, para não usar outra palavra. Na sexta-feira, à noite, a assessoria da Secretaria de Saúde ligou
dizendo que não nos preocupássemos, que o dinheiro já estava empenhado.
No mesmo dia, a informação foi confirmada com uma ligação minha e da doutora Lilian Beltrão para o chefe de transplante do Hospital Albert Einsten, doutor Nelson Hamerschlak. E, no mesmo dia, depois de tudo isso, o governo voltou atrás”, lamentou Ítalo Bismarck, pai da menina.
Exames confirmam piora em estado de saúde da criança
A notícia ruim veio com outra pior ainda. O estado de saúde de Ana Cecília piorou, e, novamente, ela está na quimioterapia.
“Ela teve mais uma recaída. O percentual de blastos na medula deve ser
inferior a 1%, no caso dela está em 18%. Teremos que comprar uma
medicação que não existe no Brasil. Dependendo da quantidade
pode custar entre US$ 30 mil a US$ 60 mil”, contou Ítalo, antecipando
que pretende pagar o tratamento com dinheiro da campanha feita pela
internet.
A instabilidade da saúde de Ana Cecília é outro argumento utilizado
pela PGE para pedir a suspensão da liminar que obriga o Estado a cobrir
os custos do tratamento da menina, que é portadora de portadora de leucemia linfoblástica aguda.
De acordo com o documento, existe maior risco antecipar o procedimento
cirúrgico porque, segundo um dos relatórios médicos, o ideal seria
operá-la após 8 semanas de estabilidade da doença, depois do dia 19 de
fevereiro. O pai da criança confirmou, em parte, a contestação do
governo estadual. “Realmente, o prazo seria de 6 a 8 semanas, mas apenas
se ela não tivesse uma recaída. Foi o que aconteceu. Então, quanto mais
tempo demorar mais risco ela corre”, explicou Ítalo.
A Redação Web entrou em contato com a assessoria de imprensa
da Secretaria da Saúde do Estado, que confirmou a liberação dos
recursos. A PGE também foi procurada e está aguardado o posicionamento
oficial do governo estadual sobre o caso.
Há meses, os pais de Ana Cecília largaram tudo para cuidar da filha.
Eles estão morando em São Paulo. Além de temerem uma piora ainda maior
da saúde da criança, eles estão receosos quanto perder a data do
transplante. “Se ela reagir bem, esse novo ciclo deverá durar um mês.
Sem vaga no SUS e o governo cassando a liminar poderemos ficar sem data
para o transplante”, contou o pai de Cecília.

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