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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Estudo diz que tempo vendo TV 'não gera mau comportamento em criança'

O tempo passado frente à TV parece influenciar as crianças, não o tempo no computador (Foto: BBC) 
 Especialistas recomendam aos pais que limitem o
tempo passado pelo filho em frente à TV e ao
computador (Foto: BBC)

Passar horas diariamente em frente à TV ou jogando no computador não prejudica o desenvolvimento social da criança, dizem especialistas.

Após um estudo envolvendo mais de 11 mil alunos de escolas primárias britânicas, a equipe do Medical Research Council (MRC, órgão governamental britânico que faz pesquisas na área de saúde) concluiu que não é correto associar o mau comportamento das crianças com o tempo que passam vendo TV ou se divertindo com os jogos.

Embora os pesquisadores tenham encontrado uma pequena relação entre ver TV e problemas de conduta, eles dizem que outros fatores, como a educação recebida dos pais, por exemplo, provavelmente explicam esse vínculo.

Ainda assim, eles recomendam que os pais "limitem o tempo passado em frente às telas".

O conselho se deve ao fato de que passar muito tempo em frente à TV todos os dias pode reduzir o tempo que a criança passaria fazendo outras coisas importantes, como brincando com amigos e fazendo lição de casa.

O estudo, liderado pela especialista Alison Parkes, aparece na publicação científica "Archives of Diseases in Childhood".

Outros estudos realizados recentemente encontraram associações entre tempo passado em frente à TV e computador e a obesidade infantil.

E pesquisas feitas nos Estados Unidos sugerem que assistir TV no início da infância pode provocar distúrbios de atenção aos sete anos de idade.

Pediatras americanos recomendam que crianças assistam menos de duas horas de programas educacionais, não violentos, por dia.

Entretenimento

Como parte do estudo britânico, a equipe do MRC pediu a mães de diversas situações socioeconômicas que fornecessem detalhes sobre o comportamento de seus filhos e o presença da TV e de videogames em suas rotinas diárias.

Quase dois terços (65%) das 11.014 crianças participantes - todas com cinco anos de idade - assistiam entre uma e três horas de TV por dia, 15% assistiam mais de três horas e menos de 2% não assistiam televisão.

Com o passar do tempo, os pesquisadores observaram que crianças que haviam assistido mais de três horas de TV por dia aos cinco anos apresentaram um índice ligeiramente maior de problemas de conduta aos sete anos.

Após completar sete anos, esse grupo de meninos e meninas apresentou uma tendência um pouco maior de entrar em brigas, contar mentiras e intimidar os colegas do que as outras crianças - segundo os relatos de suas mães.

O tempo passado jogando no computador não pareceu influenciar o comportamento das crianças.

A equipe britânica também não encontrou relação entre tempo passado em frente à TV ou outros tipos de telas e outras questões, como hiperatividade ou problemas de interação com amigos.

Parkes, chefe da unidade de ciências sociais e de saúde pública do MRC, disse que era errado culpar a TV por problemas sociais das crianças.

"Não encontramos efeitos do tempo em frente à TV sobre a maior parte dos problemas sociais e de comportamento que observamos e apenas um efeito pequeno sobre problemas de conduta, como brigas e intimidações."

"Nosso trabalho indica que é improvável que limitar a quantidade de tempo que as crianças passam em frente à TV, por si só, melhore o ajustamento psicosocial."

A especialista disse que intervenções focadas sobre a dinâmica familiar e a criança têm mais probabilidade de fazer alguma diferença, e que muito pode depender de o que a criança está assistindo e se elas são supervisionadas por adultos enquanto assistem.

Debate

Sonia Livingstone, professora de psicologia social da London School of Economics, de Londres, disse que as conclusões do estudo são uma boa oportunidade para que nos perguntemos "por que algumas crianças passam tanto tempo assistindo televisão".

Outra especialista, Annette Karmiloff-Smith, do Birkbeck College, sugeriu que em vez de nos atermos aos efeitos adversos da TV e dos videogames, seria melhor investigarmos que impacto positivo eles poderiam ter sobre as crianças.

E o professor Hugh Perry, presidente do comitê de neurociências e saúde mental do MRC, disse: "Vivemos em um mundo cada vez mais dominado por entretenimento eletrônico e os pais estão naturalmente preocupados com o impacto que isso pode ter sobre o bem estar e a saúde mental das crianças".

"Esse importante estudo sugere que o relacionamento entre TV e videogames e a saúde é complexo e influenciado por muitos outros fatores sociais e ambientais."

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