O mistério dos "anéis de fadas" encontrados na vegetação da África parece ter sido resolvido pelos cientistas.
Estes enigmáticos círculos de grama, com diâmetros que variam entre 2 e
12 metros com o centro vazio, são criados por cupins, de acordo com um
estudo publicado na edição de sexta-feira (29) da revista "Science".
Segundo a agência de notícias France Presse, as conclusões do trabalho
tentam esclarecer mais de 25 anos de pesquisas para tentar entender as
formações frequentes nas pradarias do sudoeste africano, particularmente
na Namíbia, onde o povo autóctone dos Himba atribui a entidades
"divinas" a criação desses círculos.
A teoria dos cupins já tinha sido descartada pela falta de provas
suficientes. No entanto, o botânico Norbert Juerguens, da Universidade
de Hamburgo, na Alemanha, retomou a pesquisa e conseguiu demonstrar que
certos cupins de areia, denominados psammotermes, provavelmente são a
causa do fenômeno, também conhecido como "cirandas de bruxas".
Círculos em que a vegetação não aparece são chamados de 'anéis de fadas'
(Foto: Ann Scott/NamibRand Nature Reserve)
Juerguens estudou um trecho do deserto de 2 mil km, do centro de Angola
até o norte da África do Sul, e constatou que estes insetos eram os
únicos organismos vivos sempre presentes dentro destes círculos desde o
início de sua formação.
Este pesquisador observou que os cupins se alimentam de raízes de
grama, pastagens e outras plantas que acabam desaparecendo nestes
locais. A falta de vegetação no interior dos círculos faz com que a água
da chuva não evapore e fique armazenada na profundidade do solo
arenoso.
Essa água permite que os cupins sobrevivam e se mantenham ativos
durante a estação seca e também explica porque a vegetação pode crescer
fora do círculo. Para Juergens, o fenômeno é um exemplo do ecossistema
resultante da atividade dos cupins: os "círculos de fadas", que às vezes
podem durar décadas, tornam permanente uma vegetação que normalmente é
temporária no deserto.
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