O isolamento social tem um impacto maior sobre a expectativa de vida
dos idosos que a solidão, aponta um novo estudo feito pelo University
College de Londres. Isso significa que se afastar fisicamente dos outros
é pior para a saúde do que, de fato, se sentir sozinho.
Na definição dos pesquisadores, a solidão personifica o isolamento, ao
refletir a insatisfação de uma pessoa com a frequência e a proximidade
de seus contatos sociais em relação às relações que ela realmente
gostaria de ter.
Os resultados do trabalho, liderado por Andrew Steptoe, do Departamento
de Epidemiologia e Saúde Pública do University College, foram
publicados na edição de segunda-feira (25) da revista científica
americana "Proceedings of the National Academy of Sciences" (PNAS).
Isolamento social favorece morte precoce em idosos, diz estudo
(Foto: Kosuke Okahara/The New York Times)
Os autores avaliaram 6.500 homens e mulheres com 52 anos ou mais que
participaram do Estudo Longitudinal de Envelhecimento Inglês (Elsa),
entre 2004 e 2005, e acompanharam o risco de morte deles até março de
2012. Nessa data, haviam morrido 918 (14,1%) voluntários, com
prevalência do sexo masculino.
Os participantes que mantinham contato limitado com a família, amigos e
organizações comunitárias foram classificados como socialmente
isolados, e foi usado um questionário para medir o nível de afastamento
de cada um.
De acordo com os pesquisadores, tanto a solidão quanto o isolamento
social podem favorecer uma morte precoce, mas no segundo caso nem
precisaram ser considerados critérios como a saúde física e mental da
pessoa e dados demográficos (expectativa de vida, educação, religião,
etnia, etc) da população. Isso significa que se isolar do restante do
mundo pode fazer mal à saúde independentemente do sentimento interno de
solidão.
Além de aumentar o risco de morte, o isolamento social pode contribuir
para o desenvolvimento de doenças infecciosas e cardiovasculares, o
aumento da pressão arterial e do hormônio do estresse (cortisol), e a
deterioração do funcionamento cerebral. Segundo o estudo, a solidão
também interfere na pressão, nos níveis de cortisol e outros hormônios, e
nos processos inflamatórios do organismo.
Não foram encontradas diferenças de sexo para o isolamento social, mas
esse comportamento foi visto com maior incidência em pessoas mais
velhas, casadas, pobres e com menor grau de instrução. Além disso, o
problema foi mais frequente em indivíduos com alguma limitação de longo
prazo, como depressão, artrite, falta de mobilidade e doença pulmonar
crônica.
Já a solidão foi mais comum em mulheres, principalmente casadas, e
estava associada a uma idade avançada, baixa escolaridade e menor
riqueza. Essas pessoas também tinham mais depressão, doença arterial
coronariana ou acidente vascular cerebral (AVC) que a média.
Na conclusão dos autores, tanto para casos de solidão quanto de
isolamento social, são indicadas atividades que incentivem a interação
entre os indivíduos, na tentativa de promover uma maior longevidade aos
idosos.
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