
Inflamação traz perigo a bebês prematuros
(Foto: BBC)
(Foto: BBC)
O líquido amniótico pode ajudar a curar uma doença que afeta o intestino de bebês prematuros, dizem médicos britânicos.
A doença, chamada enterocolite necrosante, é uma inflamação grave das entranhas que pode levar à falência de órgãos e morte.
Resultados de experimentos preliminares feitos em animais, incluídos em
um artigo na publicação científica 'Gut', demonstraram que
células-tronco presentes no líquido amniótico podem aliviar em parte a
inflamação, aumentando as chances de sobrevivência.
O líquido amniótico é um fluido incolor que envolve o embrião dentro do útero.
A equipe envolvida no estudo disse que serão necessários mais experimentos até que um tratamento possa ser testado em bebês.
Prematuros
Bebês que nascem antes da hora - ou seja, aqueles nascidos antes de que se completem as 37 semanas de gestação - não estão prontos para o mundo fora do útero e seu intestino não está preparado para lidar com os alimentos.
Em unidades hospitalares de tratamento intensivo para prematuros, em
média um em cada dez bebês desenvolve a enterocolite necrosante.
A inflamação pode provocar a morte do tecido e produzir um buraco na parede do intestino do bebê, levando a infecções sérias.
Há indícios de que o leite materno possa proteger as entranhas do bebê
prematuro contra a enterocolite necrosante, mas o único tratamento
existente hoje é uma cirurgia para remover o tecido afetado.
'É um problema sério e nós achamos que está aumentando', disse o médico
Simon Eaton, do Instituto de Saúde Infantil do University College
London.
Eaton integrou a equipe que fez experimentos com células-tronco -
capazes de se transformar em qualquer tipo de célula do organismo -
extraídas do líquido amniótico.
Os pesquisadores injetaram as células-tronco em ratos de laboratório
que haviam sido programados para desenvolver enterocolite necrosante. As
injeções, segundo a equipe, pareceram aumentar o tempo de sobrevivência
dos animais.
'Fomos capazes de prolongar a sobrevivência (dos animais) por bastante
tempo', disse Eaton à BBC. 'O que parece estar acontecendo é efeito
direto de um abrandamento da inflamação e também um estímulo às
células-tronco residentes nas entranhas para que sejam mais eficientes
na regeneração do intestino.'
O estudo também revelou que o intestino dos animais funcionava melhor depois do tratamento.
Riscos de câncer?
Outro membro da equipe, o pesquisador Paolo De Coppi, explicou que os efeitos anti-inflamatórios das células-tronco já são bem conhecidos. 'Mas essa foi a primeira vez que se demonstrou que células-tronco do líquido amniótico podem reparar danos no intestino', acrescentou.
'Embora células-tronco do líquido amniótico tenham uma capacidade mais
limitada de se transformar em diferentes tipos de células do que as do
embrião, elas parecem ser promissoras para muitas partes do corpo,
incluindo o fígado, o sistema muscular e nervoso'.
Mais testes seriam necessários para saber se o tratamento seria efetivo e seguro em bebês humanos.
Por exemplo, a capacidade de células-tronco de se transformar em outros
tipos de célula também implica riscos de câncer, algo que preocupa os
cientistas.
Por conta disso, os médicos esperam, no futuro, desenvolver um tratamento baseado em remédios - em vez de células.
'Não são as células em si', disse Eaton. 'Elas são o veículo para algo e
se soubéssemos o que esse algo é, poderíamos administrá-lo
diretamente'.
Nenhum comentário:
Postar um comentário