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domingo, 7 de abril de 2013

Mais promessas para atender à emergência

Não se cuidou do mais importante para o momento, como trazer água, evitando o colapso e produção de alimentos

Cid Gomes entrega a Graça Forte, presidente da Petrobras, a escritura pública de doação do terreno para a construção da refinaria no Ceará FOTO: LUCAS DE MENEZES

Politicamente, o evento da última terça-feira, com a presença da presidente Dilma Rousseff, em Fortaleza, foi muito bom para o governador Cid Gomes, embora só o tempo venha a dizer se o foi para o Governo estadual e sobretudo para os cearenses, aqueles cujas carências se ampliaram, consideravelmente, em razão do quadro de calamidade por todos experimentado bem mais de perto.

De concreto, da visita da presidente e sua comitiva, só ficaram algumas promessas. Nenhum protesto sobre a falta de anúncio de ações imediatas e efetivas para evitar o colapso da falta de água, até para o consumo humano, em algumas localidades. Não se ouviu uma palavra da presidente ou do seu ministro sobre a transposição de águas do Rio São Francisco, e muito menos sobre perfurações de poços profundos. De igual modo, nada falaram sobre o aproveitamento integral dos perímetros irrigados para a produção de alimentos, dentre outras providências que o momento de excepcionalidade exige e facilita.

Lisonja

Mesmo assim a presidente Dilma foi muito aplaudida. É isso mesmo, nós gostamos de bater palmas para as autoridades, inclusive elas próprias. Lamentavelmente essa lisonja acontece até quando elas prometem executar aquilo que já deveriam ter efetivado, no caso específico, medidas facilitadoras de uma convivência menos traumática dos nordestinos com a seca, esta realidade secularmente estudada pelo próprio Governo Federal, com diagnósticos e soluções não concretizadas por uma série de fatores, inclusive, a falta do interesse de fazer, aliado ao descaso da quase totalidade da representação política desta Região.

A transposição de águas do Rio São Francisco e o aproveitamento pleno de todos os perímetros irrigados existentes no Ceará, para ficarmos restrito ao nosso Estado, são duas das providências a reclamar decisão urgente do Governo da presidente Dilma Rousseff.

Licitação

Os perímetros estão prontos. Não funcionam pela incompetência de gestão do Ministério da Integração, pela nossa passividade e tolerância, talvez entendida pelos nossos governantes como covardia ou conivência de todos nós com o dinheiro público jogado fora.

Ora, para a grande festa da Copa do Mundo, no próximo ano, houve pressa em se flexibilizar a Lei das Licitações para facilitar as contratações de obras reclamadas pelo evento. Então, como se justificar dificuldades em uma licitação para concluir a obra? Engodo puro.

As irregularidades constatadas pelo Tribunal de Contas da União e outros em relação à obra da transposição, devem ser tratadas com o rigor da lei para os assaltantes dos cofres públicos, mas não podem servir de argumentos para atrasar a chegada da água que os cearenses reclamamos.

Petrobras

Outro fato a merecer questionamento na visita da presidente Dilma ao Ceará, na última semana, está relacionado à construção de uma refinaria neste Estado. Talvez pela gravidade do momento vivido em razão da seca, pouco relevo se deu à entrega pelo governador do Estado à presidente da Petrobras, Graça Forte, do documento de doação de um terreno, adquirido pelo Governo cearense, para aquela empresa construir a Refinaria Premium II no Pecém, onde está um porto com plena capacidade de atendê-la e outros equipamentos, inclusive uma ZPE e siderúrgicas.

Graça Forte recebeu a doação, solenemente, mas não deu uma palavra sequer, como se aquilo não comprometesse a Petrobras com a obra, um sonho de governantes cearenses conhecido há quase cinco décadas.

Virgílio Távora, um dos homens públicos responsáveis pela introdução do planejamento na administração do Ceará, já defendia esse pleito na década de 1960, juntamente com as Zonas de Processamento de Exportações, a exploração de urânio da Mina de Itataia e outros grandes empreendimentos.

Calando, como calada ficou naquele instante (nem o site do Governo do Estado registrou alguma palavra da presidente da Petrobras) de grande valia para o Estado, Graça Forte não foi apenas indelicada com o gesto do governador Cid Gomes, mas, também com os cearenses, sequiosos por pelo menos mais uma promessa de construção da refinaria, mesmo sabendo dos percalços nas construções das outras duas refinarias (Pernambuco e Maranhão) prometidas para o Nordeste, ainda no Governo do ex-presidente Lula.

EDISON SILVA 
EDITOR DE POLÍTICA

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