
Por Maristela Crispim
Há cinco anos nós, da Editoria de Reportagem do Diário do Nordeste,
temos nos debruçado, cada vez com mais profundidade, sobre o Semiárido
Nordestino.
Este ciclo teve início com a série “Terras de contrastes”, de 2008,
uma reflexão sobre enchentes nas nossas terras secas, com o maior número
possível de implicações socioambientais e econômicas.
Continuou com o nosso primeiro trabalho sobre o bioma Caatinga,
também em 2008, quando conhecemos a Serra das Almas, no Sertão de
Crateús (CE). Prosseguimos esse trabalho com uma análise das condições
dos perímetros irrigados do Ceará, em 2009.
O resultado das expedições sobre as “Paisagens Cearenses”, foi
publicado em série de três caderno, em 2010, depois de desbravarmos três
ambientes – litoral, sertão e serra – no período chuvoso e no período
de estiagem, para observar como a natureza da região é próspera.
Ainda em 2010 fizemos uma cobertura especial da Segunda Conferência
Internacional: Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões
Semiáridas (Icid+18).
No ano seguinte, 2011, procuramos montar um “Retrato Sertanejo”
viajando desde o Piauí até o Vale do Jequitinhonha, no Nordeste de Minas
Gerais, fazendo um paralelo entre as paisagens descritas por Euclides
da Cunho em “Os Sertões” e aqueles que têm “dado certo” sem abandonar
suas tradições, lidando de forma saudável com a água, a terra, a
cultura.
Em 2012 procuramos atrelar às questões específicas do Semiárido
Brasileiro a nossa cobertura da Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), realizada no Rio de Janeiro.
Ainda no ano passado, fomos ao sertão do Ceará em dois momentos –
março e novembro – para ver de perto como o sertanejo está levando a
vida numa estiagem como não se vê há 40 anos, considerando não apenas
quantidade, mas qualidade da água.
Agora, neste primeiro semestre de 2013, retomamos o assunto, tendo em
vista a realização da 2ª Conferência Científica da Convenção das Nações
Unidas sobre Combate à Desertificação (UNCCD), que será realizada em
Bonn, na Alemanha, nos dias 9 a 12 de abril, e não em Fortaleza, como o
governo brasileiro chegou a divulgar antes.
O mais importante a destacar na concepção destes dois cadernos
especiais, publicados na última sexta-feira (5 de abril) e hoje (7 de
abril), é que tudo isso ocorre num momento em que o Semiárido brasileiro
amarga dois anos de escassez de chuvas e que não ficamos na cobertura
de sempre, o simples constatar do sofrimento.
Lembrando que os prognósticos da comunidade científica não são bons
para as terras secas do Planeta – incluindo as nossas – fomos atrás do
conhecimento sobre a região.
Ouvimos pesquisadores de diversas instituições do Semiárido, mas,
principalmente, não deixamos de lado o conhecimento do sertanejo,
daquele que experimenta e que descobre o que é melhor para produzir sem
degradar, garantindo a sustentabilidade.
Quero aqui agradecer a todos os envolvidos, direta ou indiretamente,
nestes projetos, no passado, no presente e no futuro. Desde as nossas
solicitas fontes, sem as quais este trabalho não seria possível, a
direção do Diário do Nordeste, que tem acreditado e investido nestes
projetos especiais, os motoristas que nos conduzem por diversas
aventuras sertão adentro.
Aos fotógrafos, sem os quais não teríamos os registros tão
importantes destas incursões. Aos diagramadores, revisores, os muitos
repórteres que já estiveram, estão ou estarão envolvidos neste grande
projeto pela conservação do Semiárido o meu sincero muito obrigada.
E que venham novas incursões, que busquem mostrar o que tem de bom, o
que deve se replicado, ser transformado em política pública para a
melhoria na qualidade de vida do sertanejo, mas e também o que se deve
evitar para que o deserto que nos ameaça avance sobre nós incentivado
por nossas próprias atitudes.
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