Polícia Federal faz operação contra licenças ambientais ilegais
(Foto: Ronaldo Bernardi/Agência RBS )
O número de indiciados pela Operação Concutare, que investiga um esquema ilegal de liberação de licenças ambientais no Rio Grande do Sul
e em Santa Catarina pode chegar a 50, segundo a Polícia Federal. Em
entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (29), a PF disse que os
beneficiados são empresários das áreas de mineração e da construção
civil, como mostra a reportagem do Jornal do Almoço, da RBS TV.
Ao total, foram presas 18 pessoas na operação que envolveu 150
policiais nos dois estados. O nome da operação vem do latim concutare,
que significa concussão, crime em que um servidor público obtém vantagem
de forma indevida por meio de cargo público.
Apesar de não confirmar o nome de nenhum dos presos, o superintendente
da PF no estado, Sandro Luciano Caron de Moraes, afirmou que o órgão
entrou em contato com o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, e
com Prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, depois de os mandados
terem sido cumpridos. Genro
e Fortunati determinaram pela manhã o afastamento dos secretários
estadual e municipal do Meio Ambiente, Carlos Fernando Niedersberg e
Luiz Fernando Zachia, respectivamente, e disseram terem sido
informados pela Polícia Federal sobre as prisões dos dois. A prisão do
ex-secretário estadual Berfran Rosado foi confirmada por seu advogado,
Luciano Feldens.
Coletiva da Polícia Federal em Porto Alegre
nesta segunda-feira (29) (Foto: Ivani Schutz/RBSTV)
Foram feitas buscas no Departamento Nacional de Produção Mineral, nas secretarias de Meio Ambiente do Estado e de Porto Alegre
e na Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). O número de
indiciamentos pode chegar a 50, entre empresários, despachantes e
servidores públicos.
De acordo com o delegado Roger Soares Cardoso, ainda foram presos dois
servidores da Fepam e um do Departamento Nacional de Produção Mineral
(DNPM). “Teremos um aumento significativo do número de indiciados.
Acredito que possa chegar a 50 indiciamentos”, estima.
A operação identificou um grupo criminoso formado por servidores públicos, consultores ambientais e empresários.
Os investigados atuam na obtenção e na expedição de concessões ilegais
de licenças ambientais e autorizações minerais junto aos órgãos de
controle ambiental.
“Observamos que algumas licenças só seriam obtidas se houvesse
pagamento de quantia em dinheiro e de uma militância dentro do órgão.
Havia uma agilização da licença ambiental. Quando o empresário contava
com alguém dentro do órgão, o prazo para obtenção da licença era
bastante curto. Além disso, a própria licença deixava de observar
requisitos legais. Estamos analisando através de pericia técnica entre
30 e 40 processos dentro da Fepam e do DNPM”, explicou o delegado Thiago
Machado.
O delegado Roger Soares Cardoso disse que não havia valor definido para
as licenças serem expedidas. “Podia ir desde a entrega de presentes até
milhares de reais. Houve casos de R$ 20 mil e de R$ 70 mil, entre
outros", contou.
O delegado Elton Roberto Manzke observou que a investigação,
iniciada em 2012, foi bastante complexa. “Foram coletadas provas fortes
da corrupção”. Entretanto, por o processo estar sob segredo de Justiça,
os delegados não puderam passar mais detalhes.
Advogados dos secretários presos acreditam na liberação dos clientes
O que diz Eduardo Campos, advogado de Carlos Niedersberg
"Estamos ingressando com um pedido de vista junto ao TRF e a partir desses elementos poderemos ter mais informações. Meu cliente está detido, mas esperamos pela soltura após o depoimento dele. Orientamos nossos clientes a não falar nada se não soubermos detalhes da investigação, como é o caso”.
O que diz Rafael Coelho Leal, advogado de Luiz Fernando Zachia
“Até agora não tivemos acesso ao inquérito. Nosso cliente está surpreso e estupefato porque não tem nenhum envolvimento com essa investigação. Nossa esperança é de que ele preste depoimento e seja liberado”.
O que diz Luciano Feldens, advogado de Berfran Rosado
“Está havendo uma situação de constrangimento legal nesse momento com a prisão dele. Estamos buscando informações e apenas depois de consultar o inquérito vamos tomar alguma atitude”.
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