Ter objetivo específico é ajuda na hora de economizar

Estudante aprendeu a controlar melhor o próprio dinheiro após decidir focar em um produto almejado

Vontade de economizar não falta à estudante de Fisioterapia Caroline Vieira, de 22 anos. A grande dificuldade, segundo ela, é a falta de um objetivo específico. Desde que começou a trabalhar como auxiliar na secretaria de uma escola, há mais de um ano, Caroline tenta guardar parte do dinheiro que recebe na poupança que abriu à época.

Desde que começou a trabalhar, Caroline Vieira passou a juntar por iPhone Foto: Kiko Silva

A tentativa é poupar todo mês, mas a média de depósitos tem girado em torno de três meses. Apesar de não conseguir manter sempre o mesmo foco, Carolina hoje tem mais controle sobre o próprio dinheiro. "Gastava muito com comida e roupa. Por mês, comprava umas três calças, dois shorts e várias blusas. Mas já faz tempo que não compro muita roupa, mais de seis meses", afirma.

Dificuldade

Tudo começou, segundo ela, com o objetivo de comprar um Iphone, há quase um ano. Para isso, foram festas recusadas e menos roupas compradas. "Teoricamente, quando eu comprasse o Iphone, eu ia parar de ir a mais festas, mas eu acabei saindo mais e não cumpri com a minha promessa", lamenta. De acordo com ela, a grande dificuldade é "economizar por economizar".

A cada saída, são gastos cerca de R$ 50. Para economizar, ela diz que tenta entrar em "listas vips" de algumas festas - gastando apenas com bebida e a volta de táxi. "Ficar em casa é muito chato e sempre tem festas e companhia para ir. O problema é a falta de um objetivo pra economizar", diz. Apesar disso, Carolina diz que continua tentando guardar dinheiro para o futuro.

Vender para comprar

Se a falta de um objetivo atrapalha as finanças de Carolina, para o estudante de Engenharia Metalúrgica, Lucas Abreu, 20, isso não é problema. Vez ou outra, quando precisa comprar algo novo, ele não faz cerimônia e oferece a algum amigo ou conhecido o que tem.

Para conseguir comprar a câmera fotográfica tão desejada, foi preciso vender o videogame Playstation 3.

Já para comprar uma nova prancha de surfe, foram vendidas duas outras já utilizadas por ele. Lucas também aproveita as compras que realiza pela internet para revender alguns produtos que adquire.

"Compro em um site que é americano, mas que vende produtos chineses com a mesma qualidade, praticamente. O frete é grátis, mas, como vem de navio, demora muito para chegar. Às vezes a espera dura mais de um mês. Mas, apesar de ser chato aguardar tanto, acabo comprando barato e vendendo mais caro, para multiplicar o dinheiro", diz.

Apesar de gostar de comprar, nada é pago no cartão de crédito em parcelas, mas no débito, para evitar qualquer tipo de dívida. Para se manter, ele diz que recebe dos pais uma mesada há cerca de cinco anos, como presente por ter entrado em uma universidade pública.

Mesmo com o dinheiro fixo mensal, ele não descuida das próprias finanças. A consciência da necessidade de ter atenção com as próprias contas, destaca Lucas, foi aprendida em casa. "Se eu gastar toda a mesada, que me vire. A não ser que seja uma exceção, como foi o caso quando eu tive o notebook roubado, com dois meses de uso", comenta.

Caderneta pode valer a pena, mesmo com pouco

Uma das aplicações mais tradicionais do mercado, a caderneta de poupança atrai pela facilidade de investimento - especialmente para o pequeno investidor. Dentre as principais vantagens estão a isenção de Imposto de Renda e de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

Segundo o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef) no Ceará, Ênio Viana, o pequeno investidor que procura outros tipos de aplicações tem de ficar atento à cobrança de Imposto de Renda. "Você pode ter outra aplicação que rende mais que a poupança, mas, quando paga o imposto, pode não valer a pena", diz.

O que rende?

O cálculo de rendimento da caderneta de poupança é realizado com base na Taxa referencial (TR), no valor correspondente a 0,5% ao mês - enquanto a meta da taxa Selic ao ano for superior a 8,5%. Se a Selic estiver menor que esta porcentagem, o rendimento diminui, sendo 70% da meta da taxa ao ano. Conforme a determinação do Banco Central, a remuneração dos depósitos é creditada mensalmente, na data de aniversário da conta.

Ênio Viana lembra que o controle dos gastos na planilha é fundamental para quem pensa em investir o próprio dinheiro. "Para se tornar um aplicador e definir o que fazer, tenha seu orçamento diário. Evite dívidas e faça uma reserva. Depois, se sobrar, você aplica", afirma.

Quem utiliza a caderneta de poupança, tem direito a alguns serviços gratuitos, tais como: dois saques por mês no caixa ou em terminal de autoatendimento, duas transferências para conta depósito de mesma titularidade, dois extratos com a movimentação mensal, extrato anual com o valor das tarifas cobradas e consulta via internet. (GR)