Precipitações causam estragos em Juazeiro

 

Houve receio de acidentes por conta da grande quantidade de buracos

FOTO: NORMANDO SORACLES 

 

Em muitos bairros moradores ficaram apreensivos com o grande volume de água

Juazeiro do Norte. Principal polo desenvolvimentista da região do Cariri, este município ainda apresenta deficiências primarias em relação a sua própria infraestrutura. A fragilidade do setor voltou a ser exposta durante a última semana, devido à intensidade das chuvas caídas nos últimos dias. Ruas e Avenidas ficaram alagadas impossibilitando o tráfego de veículos e a locomoção de pedestres.

 

 

Desde o último dia 18, maquinários vêm sendo utilizados para retirar a lama

 das ruas e na realização da coleta de lixo e de entulhos 

FOTO: ROBERTO CRISPIM  

 

Na periferia da cidade, esgotos transbordaram espalhando lixo e muita lama para o interior de residências. Moradores das áreas atingidas tiveram muito trabalho para retirar a sujeira das casas. Alguns perderam móveis como sofás e poltronas e aparelhos eletrodomésticos. Também houve registro de desabamentos de muros de prédios comerciais e residenciais.

Cinco pessoas de uma família estão desabrigadas desde a última terça-feira. A casa onde residiam, localizada na Rua Marechal Rondon, no bairro Tiradentes, corre risco de desabamento por causa de infiltrações de águas pluviais. Uma parede que dividia cômodos da casa não suportou e acabou cedendo.
 

 

Devido à intensidade das chuvas caídas nos últimos dias no município, Ruas e Avenidas 

ficaram alagadas impossibilitando o tráfego de veículos, em muitas vias locais, 

e também prejudicando a locomoção de pedestres

FOTO: NORMANDO SORACLES

 

"O susto foi muito grande. Pensei que fosse morrer. Gritei pedindo socorro e quando a porta abriu eu corri com os meninos", comentou a dona de casa Leidiane de Souza. Ela e a sua família estão hospedados em casa de parentes.

As chuvas também destruíram o teto de um escritório de contabilidade localizado no centro da cidade. Linhas e caibros de madeira que davam sustentação ao telhado romperam ocasionando prejuízos devido à perda de materiais de escritório como impressoras e computadores, por exemplo.

Aborrecimentos

No bairro Salesianos, um córrego transbordou alagando grande parte da Rua Padre Cícero. A força das águas fez cair à parede de um muro por sobre um veículo ocasionando danos materiais ao proprietário do automóvel. Um posto de gasolina que funciona nas imediações da Igreja dos Salesianos teve o pátio invadido pela lama trazida pelas águas do córrego.

O bairro Lagoa Seca voltou a ser o mais afetado. O local é deficitário em relação a sistema de drenagem pluvial e, a cada nova precipitação, há registros de alagamentos em ruas e avenidas do local. O trânsito ficou complicado na maioria dos pontos de ligação ao bairro, que fica as margens da Rodovia Leão Sampaio, que liga Juazeiro do Norte ao município de Barbalha.

A quebra de semáforos também ocasionou aborrecimentos a motoristas e pedestres. Em dias de chuvas, a Avenida Castelo Branco e a Rua São Benedito acabam sendo os locais que mais apresentam problemas. O trânsito fica paralisado ocasionando engarrafamentos em ambos os sentidos.

"Falta vontade de resolver o problema", queixa-se o comerciante Cícero dos Santos Alves. Segundo ele, basta o tempo ficar nublado para que motoristas que utilizam os locais mais afetados passem a se preocupar. "Se tiver uma nuvem mais carregada todo mundo fica logo assustado. Quando chove, então, a Rua São Benedito vira um verdadeiro caos. A situação na Avenida Virgilio Távora é ainda pior. A região acaba virando uma piscina", comenta.

O local dá acesso ao aeroporto Orlando Bezerra de Meneses e está margeado pelo riacho das Timbaúbas. Sempre que há registros de precipitações mais intensas, as águas do riacho sobem e acabam se espalhando por grande parte da avenida, ocasionando diversos transtornos.

No bairro do Horto também houve danos. Diversas ruas ficaram completamente encobertas por lama e sujeira. Moradores de áreas que ainda não possuem calçamentos permaneceram ilhados, receosos de atolarem seus veículos ou motocicletas nas enormes poças de água que se formaram. Também houve receio de acidentes por causa da quantidade de buracos nas vias.

Um dos pontos de maior reclamação é a Avenida Ailton Gomes. Nas proximidades do Mercado Governador Gonzaga Mota, popularmente conhecido por mercado do Pirajá, a quantidade de buracos na pista de rolamento de veículos chama a atenção. "Quando chove os buracos ficam cobertos pelas águas. Já teve muito carro quebrado aqui por causa disso. Todo mundo reclama", observa o frentista Cleomar Bezerra, que trabalha em um posto de combustíveis aberto no local.

No bairro Limoeiro, a sujeira impediu que as águas escorressem pelos bueiros. O lixo acumulado no interior das galerias subterrâneas fez com que as águas retornassem inundando a maioria das ruas do populoso bairro.

 

Plano

O secretário de Infraestrutura do município, Akyro Menezes, disse que para tentar minimizar os problemas, um plano emergencial foi deflagrado na cidade. Os serviços estão sendo direcionados aos locais onde as chuvas ocasionaram maior número de danos. Desde a última terça-feira, maquinários de maior porte vêm sendo utilizados para retirar a lama das ruas e na realização da coleta de lixo e de entulhos espalhados pela força das águas. "Estamos utilizando as máquinas para que sejam retirados os entulhos e para que haja o aterro das áreas onde o risco é maior, como por exemplo, a região do bairro São José onde há um canal próximo a algumas residências e existe risco de alagamentos", informou.

Ele também informou que a pasta estabeleceu a formação de uma equipe de servidores atuando em regime de prontidão para prestar atendimento à população caso haja continuidade das precipitações e o surgimento de novas demandas. "No caso de indícios de chuvas, nós iniciaremos, de forma imediata, uma espécie de varredura onde será checada a existência de bueiros entupidos ou entulhos não retirados das ruas, para que não ocorra o bloqueio das águas", observou o secretário.

Akiro Menezes explicou, ainda, que a maioria dos alagamentos registrados são ocasionados por materiais acumulados no interior de canais que atravessam o subsolo da cidade. Segundo ele, o município realiza frequentemente a limpeza dos canais nas áreas públicas. Porém, nas áreas privadas a limpeza não é possível realizar tal serviço.

"Nossa equipe de manutenção de bueiros consegue ter acesso aos trechos localizados em áreas públicas. No entanto, há sempre parte de canais localizados por baixo de imóveis particulares e isso impede que o trabalho seja feito. A ideia é que a gente conseguia, de alguma forma, conscientizar a população que não deixe lixo ou entulho nas ruas para que não ocorram mais essas obstruções", concluiu o Secretário Akyro Menezes.

Mais informações:

Secretaria Municipal de Infraestrutura
Parque de Eventos Padre Cícero, Planalto
Telefone: (88) 3571-1128

Roberto Crispim
Colaborador

Enquete

Como você vê a cidade em dias de chuva?

“Um caos. Vários locais completamente alagados. Praticamente toda a cidade para quando há chuvas. Pela importância da cidade, deveria ser feito alguma coisa para melhorar essa situação”.

VICTOR BRUNO CABRAL
Estudante

“Um desastre. Ruas se acabando, totalmente esburacadas. Esgotos a céu aberto invadindo casas e comércios. Sem contar na dificuldade de locomoção por causa dos alagamentos que acontecem na cidade”

MARIANA TAVARES
Universitária

Fonte: Diário do Nordeste.