Abandono destrói galpão da Rffsa

 

No domingo de Carnaval um homem foi assassinado dentro do prédio abandonado. 

Também é constante o entra e sai no período noturno

fotos: alex pimentel 

 

Quixadá. Um galpão da extinta Rede Ferroviária Federal S.A. (Rffsa) situado no Centro de Quixadá está sendo utilizado por usuários de drogas. Além do péssimo estado de conservação, vários vãos de acesso ao interior do imóvel estão abertos. Os vizinhos, embora na maioria sejam comerciantes, estão preocupados. No domingo do Carnaval, um homem foi assassinado dentro do prédio abandonado. Também é constante o entra e sai no período noturno, alguns para utilizar suas dependências como banheiro, mas a maioria para consumir crack, inclusive crianças e adolescentes.

Conforme a vizinhança o problema vem ocorrendo há mais de um ano, e ninguém toma nenhuma providência. Ao lado dele está situada a antiga estação ferroviária de Quixadá, erguida e inaugurada no ano de 1891, atualmente sede da Academia Quixadaense de Letras (AQL). Vez por outra quem frequenta a Praça da Estação é intimidado pelos usuários de drogas. Algumas pessoas já foram assaltadas. Ninguém arrisca ficar um pouco mais à noite sentado nos bancos conversando, afirmou uma moradora. Ela pediu para não ter seu nome revelado.

Segundo o secretário municipal do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma), Elery Ferreira, providências já estão sendo adotadas. Todos os vãos de acesso ao imóvel serão isolados. Antes, haverá limpeza. Os serviços serão realizados na próxima semana. Mas ele esclareceu não se tratar da restauração do prédio. A providência será tomada para evitar o agravamento da degradação e o acesso para uso de drogas. Caberá a Fundação Cultura de Quixadá a definição quanto ao uso do espaço imobiliário como também sua administração. O imóvel está sendo tombado como patrimônio público.

Registros

O chefe da Divisão Técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Ceará (IPHAN-CE), arquiteto Murilo Cunha, confirmou o processo de reconhecimento do antigo galpão, o qual funcionava como oficina, como patrimônio nacional, de valor cultural.

Ele aguarda o fornecimento dos registros imobiliários, a serem remetidos pelo Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT), para concluir os trabalhos e outorgar a responsabilidade de uso e preservação ao Município.

O demorado processo, passando pelo gerenciamento do Dnit, ocorre em razão do galpão ter sido considerado operacional quando o então patrimônio da Rffsa foi transferido no início de 2007 para a Superintendência do Patrimônio da União (SPU), órgão responsável pela inventariança dos bens públicos nacionais.

Em razão da demora, o Iphan-CE havia orientado o município a isolar o prédio enquanto a transferência não é oficializada. Todavia, as características arquitetônicas devem ser preservadas. O velho prédio foi erguido na década de 1930, no período de ampliação da área da estação, acrescentou.

Conforme o presidente da Fundação Cultural de Quixadá, Blasco Monte, o galpão será transformado num Centro de Inclusão Social. No início havia sido cogitada a possibilidade de instalar ali um teatro, todavia, o barulho e o espaço do imóvel não são adequados para essa finalidade pretendida.

 

Provisória

Ele informou já ter sido aprovado pela SPU um termo de cessão provisória. Além do galpão, através da Fundação, o Município está reivindicando todo o entorno da Estação Ferroviária, o qual era utilizado para manobra das máquinas. Também será acatada recomendação do Iphan de preservação dos traços arquitetônicos do prédio.

A denúncia de degradação do galpão, onde também funcionou o almoxarifado da Rffsa, havia sido feita pelo presidente da AQL, João Eudes Costa. Ele havia criticado ainda as condições de preservação da estação, atribuindo a responsabilidade aos órgãos públicos.

A esse respeito, o arquiteto Murilo Cunha informou que um projeto de recuperação da estação está sendo elaborado pelo Iphan-CE. A obra será realizada com recursos financeiros provenientes de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado por uma imobiliária.

Alex Pimentel
Colaborador

Mais informações:

Iphan-CE
Telefone: (85)3221.6360
Fundação Cultural de Quixadá
Praça da Cultura –Centro
Telefone: (88)9939.2506

 

Fonte: Diário do Nordeste