Fac-símile da capa deste jornal, com destaque para a entrevista
concedida
pelo governador eleito, Camilo Santana, registrando sua
preocupação
com as finanças
Hoje, por certo, o próximo governador do Ceará, Camilo Santana (PT),
ainda não tem a dimensão exata do choque a ser aplicado por ele, logo no
início da administração, a partir de 1º de janeiro vindouro, em razão
de ainda não contar com o detalhado diagnóstico, em preparação pela
equipe de transição, sobre a realidade da máquina estadual. Mas,
indiscutivelmente já está, agora, bem mais consciente da necessidade de
ter de aplicar uma forte dose de remédio amargo para ajustar as contas
públicas à nova realidade do País.
Recentemente, nós tratamos aqui do crescimento do custeio da máquina
estadual, bem aquém do avanço da receita, ameaçando a ampliação da
prestação dos serviços existentes, além de se constituir em sério
empecilho às promessas feitas na campanha eleitoral, aparentemente
factíveis naquela oportunidade, quando ainda os discursos oficiais do
Governo Federal não sofriam as contestações fortes e realistas das
oposições, e o candidato derrotado ao Governo estadual, Eunício
Oliveira, navegava nas mesmas ondas das promessas de construir,
contratar e tudo o mais.
Transição
Na campanha eleitoral não se discutiu o Orçamento, embora, enfatize-se,
por ser de justiça, algumas observações feitas pelo eleito, ao
ressalvar a necessidade de se compatibilizar os compromissos assumidos
com a capacidade do erário estadual. Como candidato da situação, óbvio,
ele não podia se exceder.
Camilo Santana, na longa entrevista concedida à equipe do Diário do
Nordeste, antes mesmo de iniciar o processo de transição, foi sincero,
como deve ser qualquer responsável governante, ao afirmar que adotará
medidas duras para garantir o equilíbrio financeiro do Estado.
Suas incursões em vários ministérios, o conhecimento mais aprofundado
hoje de minúcias de cada setor da estrutura do Estado, acrescido do
discurso de contenção dos gastos federais feito pelos futuros
comandantes da Economia nacional, não há dúvida, só o empurram para
medidas mais duras e consequentemente bem impopulares e susceptíveis de
críticas dos adversários e reservas dos próprios aliados.
Com o custo da manutenção do setor de Saúde no patamar atual, o Ceará
não tem condições de ampliar, em 2015, o número de equipamentos e
pessoal como prometido na campanha. Em 2014, as despesas com a rubrica
Saúde somam R$ 500 milhões a mais em relação ao ano anterior. E sem uma
maior ajuda do Governo Federal, as finanças estaduais ficam
impossibilitadas de garantir as construções e funcionamento de mais dois
hospitais regionais anunciados para a Região Metropolitana de
Fortaleza, o maior, e outro para o Vale do Jaguaribe.
Respeitando
Já existem reivindicações para a edificação de dois outros, no mesmo
patamar dos demais, para as regiões de Crateús e do Maciço do Baturité,
necessários sim, mas inviáveis nas circunstâncias atuais.
Em alguns momentos do esboço do Plano de Governo para os próximos
quatro anos em discussão, está escrito a seguinte advertência:
"respeitando as condições orçamentárias do Estado". Camilo, por certo,
vai utilizar com frequência essa expressão, principalmente no primeiro
ano de Governo, quando, pelas contingências locais e nacionais, o erário
estadual estará enfraquecido, capaz, talvez, de não ter condições de
garantir as contrapartidas de algumas grandes obras em execução que,
esperamos todos, não venham a sofrer solução de continuidade com a
contenção de gastos anunciada pela nova equipe econômico do Governo
Dilma.
Delação
Na próxima terça-feira, o vereador Salmito Filho (PROS) será eleito
presidente da Câmara Municipal de Fortaleza. Está tudo acordado. O
nervosismo de vários vereadores, em razão da esdrúxula situação do
vereador Aonde É, facilitou o entendimento para evitar uma disputa pelo
comando da Casa.
Salmito, sem dúvida, assumirá a presidência da Câmara em um dos
momentos mais delicados daquele Legislativo em razão do fato gerado com a
prisão em flagrante de Aonde É, acusado de ficar com dinheiro pago pela
Câmara a assessores de seu gabinete. E por isso, haverá de adotar
providências enérgicas e imprescindíveis para estancar a onda
desgastante da imagem daquela Casa, provocada por alguns dos próprios
vereadores.
Hoje, o promotor de Justiça Ricardo Rocha, por conta da prisão do Aonde
É, reúne um farto material contra outro legislador, muito badalado por
suas peripécias. As acusações estão no mesmo campo do flagrante que
alcançou aquele. Alguns assessores e pessoas de fora conhecedoras de
malfeitos estão querendo romper o silêncio que mantiveram até aqui.
O vazamento da delação, por certo, evitará uma nova prisão de vereador,
mas o farto material entregue ao representante do Ministério Público já
pode ser suficiente para a abertura de uma ação penal e o pedido de
cassação do mandato do buliçoso vereador, ocasionando mais desgaste para
a Casa, apesar de uma boa parte dos seus integrantes não compartilhar
desse tipo de ação delituosa, própria de delinquentes.
Edison Silva
Editor de Política
Editor de Política
Fonte: Diário do Nordeste
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