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sábado, 27 de dezembro de 2014

Amante de mãe de criança morta envenenada no CE deve ser ouvido


O delegado Wilder Brito, responsável pela investigação do caso do menino Lewdo Bezerra, de 9 anos, morto por envenenamento em 11 de novembro, afirmou nesta sexta-feira (22) que pretende ouvir o depoimento do amante de Cristiane Renata Coelho. Segundo o titular do 16° Distrito Policial, durante a acareação realizada em 22 de dezembro, a mãe da criança admitiu ter um relacionamento extraconjugal diante do marido Francileudo Bezerra, subtenente do Exército. Pai e mãe trocam acusações sobre a morte do filho e continuam com versões diferentes.

De acordo com Cristiane, o amante é professor de Educação Física e mora no Recife, mesma cidade para onde ela foi depois que o filho morreu. Segundo o delegado Wilder Brito, Cristiane afirmou na acareação que o professor esteve em Fortaleza dias antes da morte de Lewdo.

“No primeiro depoimento dela, eu pergunto a ela quem é ele. Ela disse que é um colega de faculdade, que terminaram juntos no Recife e que se encontraram no meio desse ano. A partir daí, ela passou a ter um relacionamento íntimo com ele. Na acareação, ela fez questão de exemplificar que ele era seu amante. E o que mais me espantou é que ele esteve aqui dias antes, 7 e 8 de novembro, ou seja, dois dias que antecedeu o fato”, afirma Wilder Brito.

Ainda de acordo com o delegado, a mulher disse que o amante ficou hospedado em uma pousada no Bairro Mucuripe e negou que ele estava em Fortaleza no dia do crime. Na acareação, o marido afirmou à polícia que desconhecia que a mulher tinha um amante. Com as declarações de Cristiane, Wilder Brito considera relevante ouvir o professor de educação física. “O que estaria fazendo esse cara aqui (em Fortaleza) na véspera de uma tragédia familiar. Precisamos questionar até que ponto ele teria participação direta ou indireta com o que aconteceu”.

A data do depoimento do homem que Cristiane diz ser amante dela ainda não foi marcada. Segundo a Polícia Civil, ele poderá dar declarações pessoalmente ou por procuração.

Reconstituição e acareação

O casal esteve no dia 22 de dezembro na casa onde moravam pela primeira vez depois do crime. Renata Coelho foi hostlizada por vizinhos na chegada à residência, que gritavam "assassina". Renata deixou a delegacia e a residência sem falar com a imprensa. Para evitar ações de retaliação, a polícia evitou que Renata Coelho fizesse as cenas da reconstituição do lado de fora da casa.

De acordo com o delegado Wilder Brito, acareação e reconstituição ajudaram a polícia a analisar o comportamento dos dois suspeitos. "O que me estranhou foi a atitude dela sempre muito na defensiva. Ela está sempre procurando justificar algumas coisas. O que estranhou do Francileudo são os esquecimentos. Nós precisamos saber se esses esquecimento são decorrentes do envenenamento ou é natural da defesa do ser humano não se lembrar daquilo que não é agradável", afirma Brito.

Versões

Segundo depoimento de Cristiane Renata Coelho Severino à polícia, o marido obrigou que ela e o filho ingerissem tranquilizantes com objetivo de matá-los e em seguida tentou suicídio com remédios. Diferentemente do que a mulher contou à polícia, o laudo da perícia mostrou que tanto a criança quanto o subtenente foram envenenados com um veneno usado para matar ratos, popularmente conhecido como "chumbinho".

Ela conta que o marido chegou em casa com vinho a agrediu e a obrigou a tomar a bebida junto com remédios controlados. "Ele me mandou para o quarto e eu não sei o que ele comeu e nem o que deu aos meus filhos. Acordei - não sei quanto tempo depois - e quando cheguei na sala vi o subtenente se debatendo. Corri para o quarto e vi o meu filho. Ele estava espumando, gelado", relata.

O subtenente Francileudo ficou em coma durante duas semanas e, ainda no hospital, negou participação no crime. "Não teria coragem de tirar a vida do meu filho, não é à toa que eu tatuei o nome dele no meu braço. Não seria nesse momento que eu iria atentar contra a vida dele nem contra a minha", disse o militar. Ele aponta a mulher Cristiane Renata Coelho como autora do crime. "Quero que a Justiça seja feita, que ele seja presa. Ela não pode ficar impune pelo que ela fez", disse. A Justiça revogou a prisão preventiva do militar.

Em depoimento à polícia, ao ser perguntado se havia alguém que se beneficiaria com a sua morte, o subtenente apontou a mulher como beneficiária direta. "Ele disse que além dos soldos, ela receberia um seguro do Exército que hoje está em torno de R$ 153 mil e ainda um outro seguro em nome do filho", diz. O delegado disse, ainda, que o casal passava por problemas no casamento "mas nada que justificasse tentativa de assassinato", afirmou o delegado Wilder Brito.

Fonte: G1/CE

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