O delegado Wilder Brito, responsável pela investigação do caso do
menino Lewdo Bezerra, de 9 anos, morto por envenenamento em 11 de
novembro, afirmou nesta sexta-feira (22) que pretende ouvir o depoimento
do amante de Cristiane Renata Coelho. Segundo o titular do 16° Distrito
Policial, durante a acareação realizada em 22 de dezembro, a mãe da
criança admitiu ter um relacionamento extraconjugal diante do marido
Francileudo Bezerra, subtenente do Exército. Pai e mãe trocam acusações
sobre a morte do filho e continuam com versões diferentes.
De acordo com Cristiane, o amante é professor de Educação Física e mora
no Recife, mesma cidade para onde ela foi depois que o filho morreu.
Segundo o delegado Wilder Brito, Cristiane afirmou na acareação que o
professor esteve em Fortaleza dias antes da morte de Lewdo.
“No primeiro depoimento dela, eu pergunto a ela quem é ele. Ela disse
que é um colega de faculdade, que terminaram juntos no Recife e que se
encontraram no meio desse ano. A partir daí, ela passou a ter um
relacionamento íntimo com ele. Na acareação, ela fez questão de
exemplificar que ele era seu amante. E o que mais me espantou é que ele
esteve aqui dias antes, 7 e 8 de novembro, ou seja, dois dias que
antecedeu o fato”, afirma Wilder Brito.
Ainda de acordo com o delegado, a mulher disse que o amante ficou
hospedado em uma pousada no Bairro Mucuripe e negou que ele estava em
Fortaleza no dia do crime. Na acareação, o marido afirmou à polícia que
desconhecia que a mulher tinha um amante. Com as declarações de
Cristiane, Wilder Brito considera relevante ouvir o professor de
educação física. “O que estaria fazendo esse cara aqui (em Fortaleza) na
véspera de uma tragédia familiar. Precisamos questionar até que ponto
ele teria participação direta ou indireta com o que aconteceu”.
A data do depoimento do homem que Cristiane diz ser amante dela ainda
não foi marcada. Segundo a Polícia Civil, ele poderá dar declarações
pessoalmente ou por procuração.
Reconstituição e acareação
O casal esteve no dia 22 de dezembro na casa onde moravam pela primeira vez depois do crime. Renata Coelho foi hostlizada por vizinhos na chegada à residência, que gritavam "assassina". Renata deixou a delegacia e a residência sem falar com a imprensa. Para evitar ações de retaliação, a polícia evitou que Renata Coelho fizesse as cenas da reconstituição do lado de fora da casa.
De acordo com o delegado Wilder Brito, acareação e reconstituição
ajudaram a polícia a analisar o comportamento dos dois suspeitos. "O que
me estranhou foi a atitude dela sempre muito na defensiva. Ela está
sempre procurando justificar algumas coisas. O que estranhou do
Francileudo são os esquecimentos. Nós precisamos saber se esses
esquecimento são decorrentes do envenenamento ou é natural da defesa do
ser humano não se lembrar daquilo que não é agradável", afirma Brito.
Versões
Segundo depoimento de Cristiane Renata Coelho Severino à polícia, o marido obrigou que ela e o filho ingerissem tranquilizantes com objetivo de matá-los e em seguida tentou suicídio com remédios. Diferentemente do que a mulher contou à polícia, o laudo da perícia mostrou que tanto a criança quanto o subtenente foram envenenados com um veneno usado para matar ratos, popularmente conhecido como "chumbinho".
Ela conta que o marido chegou em casa com vinho a agrediu e a obrigou a
tomar a bebida junto com remédios controlados. "Ele me mandou para o
quarto e eu não sei o que ele comeu e nem o que deu aos meus filhos.
Acordei - não sei quanto tempo depois - e quando cheguei na sala vi o
subtenente se debatendo. Corri para o quarto e vi o meu filho. Ele
estava espumando, gelado", relata.
O subtenente Francileudo ficou em coma durante duas semanas e, ainda no
hospital, negou participação no crime. "Não teria coragem de tirar a
vida do meu filho, não é à toa que eu tatuei o nome dele no meu braço.
Não seria nesse momento que eu iria atentar contra a vida dele nem
contra a minha", disse o militar. Ele aponta a mulher Cristiane Renata
Coelho como autora do crime. "Quero que a Justiça seja feita, que ele
seja presa. Ela não pode ficar impune pelo que ela fez", disse. A
Justiça revogou a prisão preventiva do militar.
Em depoimento à polícia, ao ser perguntado se havia alguém que se
beneficiaria com a sua morte, o subtenente apontou a mulher como
beneficiária direta. "Ele disse que além dos soldos, ela receberia um
seguro do Exército que hoje está em torno de R$ 153 mil e ainda um outro
seguro em nome do filho", diz. O delegado disse, ainda, que o casal
passava por problemas no casamento "mas nada que justificasse tentativa
de assassinato", afirmou o delegado Wilder Brito.
Fonte: G1/CE
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