As mortes pela doença caíram em porcentagem semelhante. Foram 74 em 2013 e 47 em 2014, uma queda de 36% .
Em Sobral, há um trabalho constante dos Agentes de Combate de Endemias
Foto: Luiz Queiroz
Sobral. De 189 casos registrados em 2013, a taxa subiu
para 258 em 2014 de acordo com os dados do último Informe Semanal de
Dengue da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (Sesa). Já os óbitos
caíram em porcentagem semelhante. De 74 mortes em 2013, apenas 47 foram
registradas em 2014, representando uma redução de 36%.
Das notificações de suspeitas de dengue em 2014, 16.026 foram confirmadas, com destaque para os municípios de Aracati, Araripe, Alto Santo, Arneiroz, Brejo Santo, Boa Viagem, Campo Sales, Canindé, Eusébio, General Sampaio, Hidrolândia, Icó, Ibicuitinga, Jaguaribara, Jaguaribe, Jijoca de Jericoacoara, Limoeiro do Norte, Nova Olinda, Piquet Carneiro, Pentecoste, Pereiro, Parambu, Porteiras, Quixeré, Russas, Santana do Cariri, Tabuleiro do Norte, Tauá, Umari, Umirim e Ocara com incidência acima de 300 casos por 100.000 habitantes.
Os municípios com mais casos por 100 mil habitantes foram Arneiroz, com 3.206,28% (249 casos); Pereiro com 2.459,1% (395 casos); Jaguaribana com 2.276,1% (248 casos), Tauá com 2.012,3% (1152 casos) e Alto Santo, com 1.586,4% (266 casos).
A faixa etária atingida foi principalmente entre 20 e 29 anos, com 21,8% dos casos, sendo seguida por 30 a 39, com 16,9%. Foram notificados 279 casos graves (66 óbitos). Destes, foram confirmados 258 casos (47 óbitos), sendo 200 casos de dengue com sinais de alarme e 58 casos (47 óbitos) de dengue grave. Detectou-se um aumento de 36,5% dos casos graves confirmados, comparados ao mesmo período de 2013. Houve redução de 36% nos óbitos em comparação ao mesmo período do ano anterior. Dos casos graves confirmados 52,5% foram por dengue com sinais de alarme e 59%, por dengue grave no interior.
Chuvas
De acordo com o médico infectologista Anastácio Queiroz, o aparecimento de dengue normalmente está ligada às chuvas, o que ocasiona o predomínio no primeiro semestre, normalmente a época do período chuvoso, mas também está ligado a cultura da população. “Tendo em vista que não tivemos um período chuvoso muito forte ano passado e um caso alarmante no aumento de casos, podemos observar que falta uma mudança de hábitos a população”, destacou.
Segundo explica Anastácio, existem hoje quatro tipos de dengue circulando no Ceará, o que proporciona maior facilidade de adquirir uma versão mais perigosa da doença. A circulação simultânea de vários sorotipos aumenta o risco da ocorrência de casos graves de dengue nos municípios infestados pelo Aedes aegypti. “Uma pessoa que pegou a dengue clássica nos outros anos, fica mais sujeita a pegar a mais grave”, explica.
“Hoje, o mesmo vetor da dengue é o da chikungunya, que já tivemos registro de cinco casos. Com esse novo vírus, que é bem semelhante ao da dengue, sendo transmitido pelo Aedes aegypty, os cuidados da população devem ser reforçados, assim como dos administradores, para inibir o foco do mosquito”, alerta. Os sintomas são semelhantes aos da dengue: febre, mal-estar, dores pelo corpo, dor de cabeça, apatia e cansaço. Porém, a grande diferença da febre chikungunya está no acometimento das articulações: o vírus avança nas juntas dos pacientes e causa inflamações com fortes dores acompanhadas de inchaço, vermelhidão e calor local.
Houve seis epidemias no Estado nos 30 anos que a dengue circula no Ceará. São eles os anos de 1987, 1994, 2001, 2008, 2011 e 2012. Destacam-se as epidemias de 1994, pela confirmação dos primeiros casos hemorrágicos, o ano de 2008, pelo maior número de casos graves, e o ano de 2011 pelo maior número de casos clássicos confirmados.
Combate
Em Sobral, há um trabalho constante dos Agentes de Combate de Endemias, de buscas de possíveis focos do mosquito e ações como mutirão de limpeza com eliminação de pontos de lixo. Numa dessas visitas às residências, foi localizado um foco na residência de Lena Gomes, no bairro Cidade Pedro Mendes Carneiro. Com diversas plantas no quintal, além de embalagens plásticas que não foram descartadas corretamente, o acumulo de água favoreceu a presença de larvas do mosquito. Alertada pelo Agende de Endemia, Lena afirma que toma mais cuidado depois disso. “Quando não tenho tempo, peço ajuda aos meus filhos para cuidar do quintal. Sei que não é só minha família que estaria sofreria e adoeceria, mas todos os meus vizinhos também. Não é fácil, porque não era hábito, mas anotamos num porta recado pra não esquecer”, conta.
De acordo com o boletim da Secretaria de Saúde, até o inicio de dezembro de 2014, o município havia registrado 400 casos de dengue.
Jéssyca Rodrigues
Colaboradora
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