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domingo, 19 de julho de 2015

Mais de 630 adolescentes são mortos em Fortaleza em um ano

Fortaleza tem o maior número de adolescentes assassinados nas capitais brasileiras entre 2012 e 2013, de acordo com Rui Aguiar, da Unicef Ceará. O número foi apresentado na segunda-feira (13) data em que o Estatuto da Criança e do Adolescente completa 25 anos, na  Comissão de Infância e Adolescência do Ceará, mediada pelo deputado estadual Renato Roseno (PSOL), na Assembleia Legislativa.

“A gente comemora os 25 anos do ECA lutando. Mais de 630 adolescentes foram assassinados em Fortaleza entre 2012 e 2013. Acho que esse é o grande desafio atual nosso, saber mais sobre essas 600 histórias de vida e saber onde nós falhamos como sociedade cearense, sobretudo como sociedade fortalezense” afirma Rui Aguiar.

Ignácio Cano, coordenador do Laboratório de Violência da UERJ mostra índice de homicídios na adolescência (Foto: Marina Holanda/G1) 
Ignácio Cano, coordenador do Laboratório de
Violência da UERJ mostra índice de homicídios
na adolescência (Foto: Marina Holanda/G1)
 
A pesquisa realizada pelo Laboratório de Violência da UERJ. A lista de municípios cearenses que registram maior índice de homicídios a adolescentes de 2005 a 2012,  registra respectivamente, Caucaia, Crato, Fortaleza, Itapipoca, Juazeiro do Norte, Maracanaú e Sobral.

"A gente pode atribuir o alto índice ao que faltou no passado de política pública em educação, saúde, assistência social, cultura, lazer e esporte pros adolescentes. Grande parte dessas mortes estão concentradas entre cinco a seis bairros de Fortaleza, que são bairros cuja a ocupação é bastante recente. Bairros que há 25 anos atrás eram zonas rurais de Fortaleza e que hoje concentram uma grande quantidade de crianças e adolescentes" afirma Aguiar.

O promotor Luciano Tonet, da 6ª Promotoria da Justiça da Infância e Adolescência critica a insuficiência de conselhos tutelares para a demanda da capital. “O ECA tem sido esquecido e precisa ser revisto, estudado. Precisa de mais atenção. Fortaleza, por exemplo, conta com apenas cinco conselhos tutelares para atender mais de dois milhões de crianças. Estamos indo para o último ano da gestão do prefeito e pouca coisa foi feita” disse.

Célia Melo, presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, reconhece a alta demanda em relação ao serviço que já é prestado pelo governo do Ceará. "Em verdade, essas unidades, em termos de quantidade, ainda são insuficientes para universalizar todo o atendimento, inclusive, atender toda a demanda de crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social. Por isso, o Estado realizou um aceite com o Governo Federal, da expansão de mais oito unidades regionalizadas de centro de referência especializado de assistência social." disse.

“A culpa não é do ECA. É do não cumprimento do ECA”, afirma o vereador João Alfredo (PSOL), presidente da Comissão Municipal de Direitos Humanos, também presente na Assembleia.

Com auditório lotado, grupo de jovens realizam intervenção na Assembleia Legislativa, nos 25 anos do ECA. (Foto: Marina Holanda/G1) 
Com auditório lotado, grupo de jovens realizam intervenção na Assembleia Legislativa, nos 25 anos do ECA. (Foto: Marina Holanda/G1)
 
O auditório de comissões da Assembleia Legislativa lotou sua capacidade, com a presença da Pastoral da Criança e da Juventude, Nucas do interior do estado, Cedeca Ceará, membros da SeJus, entidades estudantis e alunos secundaristas. Ao fim da discussão, um grupo teatral de jovens realiza intervenção artística em crítica à redução da maioridade penal e a agenda negativa dos jovens negros da periferia feita por programas policiais.


Fonte: G1/CE

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