Professor Erwann Loret manuseia vacina contra HIV em Marselha.
(Foto: Anne-Christine Poujoulart/AFP)
Cientistas vão iniciar nas próximas semanas testes clínicos de uma
vacina contra a Aids, em Marselha, no sul da França, com 48 voluntários
soropositivos, dando uma nova esperança na luta contra o vírus. A
iniciativa foi anunciada nesta terça-feira (29) pelo professor Erwann
Loret.
"Não é o fim da Aids", ponderou Loret, embora a expectativa dos pesquisadores seja a de conseguir substituir os coquetéis de antirretrovirais, cujos efeitos colaterais costumam ser bastante incômodos, pela vacina.
"Não é o fim da Aids", ponderou Loret, embora a expectativa dos pesquisadores seja a de conseguir substituir os coquetéis de antirretrovirais, cujos efeitos colaterais costumam ser bastante incômodos, pela vacina.
"O alvo é uma proteína denominada Tat (transativador de transcrição
viral)", acrescentou o professor, que apresentou em um hospital de
Marselha o teste clínico autorizado em 24 de janeiro pela Agência
Nacional de Segurança do Medicamento (ANSM).
Objetivo é substituir coquetéis antirretrovirais, que
possuem muitos efeitos colaterais
(Foto: Anne-Christine Poujoulart/AFP)
(Foto: Anne-Christine Poujoulart/AFP)
Nos soropositivos, esta proteína desempenha o papel de "guarda-costas
das células infectadas", explicou. Logo, o organismo não consegue nem
reconhecê-la, nem neutralizá-la, aspecto que a vacina quer reverter.
Quarenta e oito pacientes soropositivos e em tratamento com coquetéis
vão participar do estudo. Os testes começarão em algumas semanas, prazo
para selecionar os voluntários, explicar-lhes os riscos da experiência e
obter o consentimento deles .
Os primeiros esboços de resultados são aguardados para daqui a cinco meses.
Os pacientes serão vacinados três vezes, com um mês de intervalo entre
cada dose. Em seguida, eles deverão suspender o tratamento com coquetéis
durante dois meses.
"Se, após estes dois meses, a viremia (taxa de vírus no sangue) for
indetectável", então o estudo terá cumprido os critérios estabelecidos
pela OnuAids (órgão das Nações Unidas focado no combae à Aids), explicou
o professor Loret.
Em caso de sucesso, 80 pessoas participarão de testes, a metade delas
tomando a vacina e a outra, um placebo. Os cientistas alertam, porém,
que serão necessários vários anos para saber se a vacina constitui ou
não um avanço.
"De 25 a 26 testes com vacinas anti-HIV são realizados no mundo
atualmente", estimou o professor Jean-François Delfraissy, diretor da
Agência Nacional de Pesquisas sobre a Aids (ANRS) da França.
Apesar de animador, o anúncio também exige cautela disse o professor.
"É preciso ser prudente com as mensagens que transmitimos aos pacientes e
ao grande público", declarou durante uma coletiva por telefone.
A opinião dele é compartilhada por Marie Suzan, presidente regional da
AIDES, associação francesa de combate à Aids. Segundo ela, é sábio
"aguardar para ver no que vai dar" a pesquisa.
Em 2011, 34 milhões de pessoas viviam no mundo com HIV e 2,5 milhões
foram contaminadas. Desde que foi descoberto, o vírus causou mais de 30
milhões de mortes e estima-se que, a cada ano, 1,8 milhão de pessoas
morra de HIV/Aids, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Fonte: G1
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