Os modelos Z10 e Q10 são as esperanças da empresa para voltar a ser competitiva no mercado
Houve um tempo em que o espaçoso teclado QWERTY de um BlackBerry era sinônimo de inovação, versatilidade e última tecnologia. Ícone de status e poderio econômico de uma época, ter um desses aparelhos há alguns anos era como ter o último iPhone ou Galaxy lançados. Buscando recuperar a antiga glória, a empresa que os fabrica anunciou na última quarta-feira, em Nova York, o lançamento de dois smartphones e de um sistema operacional, além da mudança do nome da companhia para BlackBerry. Talvez você sempre a tivesse chamado assim, mas somente agora ela deixou de ser Research in Motion (RIM).
O
diretor executivo Thorsten Heins, da BlackBerry, na apresentação dos
novos aparelhos com o sistema BlackBerry 10, os smartphones Z10 e o Q10De acordo com os engenheiros da companhia, o novo BlackBerry 10 é um sistema operacional de usabilidade limpa, intuitiva e segura. Projetado para pessoas "hiperconectadas" e "multitarefas", ele teve seu desenho pensado para que os usuários pudessem navegar pelas aplicações e funções de cada aparelho usando apenas uma das mãos.
Um dos destaques do BB10 é a ferramenta Balance, que separa os perfis pessoal e profissional do usuário. Dessa forma, as empresas - grande foco da BlackBerry - podem monitorar as informações profissionais e impedir que os funcionários copiem dados confidenciais. Outra inovação, a tela BlackBerry Hub, que integra em um só lugar todos os tipos de mensagem - texto, e-mail e redes sociais - permite "bloquear" as mensagens do trabalho na sexta-feira à noite, passando a exibir somente as de cunho pessoal.
Para atrair os usuários, a BlackBerry investiu bastante em sua loja virtual. Mais de 70 mil aplicativos estão disponíveis na "BlackBerry World", desde suporte para Facebook, Twitter, Skype e WhatsApp até games com Angry Birds. Evernote e Amazon também estão entre as parcerias de apps. A loja também venderá filmes e músicas.
Dentre esses aplicativos, o da câmera merece ser ressaltado. Ao tirar uma foto, o sistema faz uma série de imagens. Depois, o usuário escolhe o melhor dos momentos capturados e pode consertar as expressões faciais das pessoas que não ficaram bem na foto. É como um "Photoshop" que usa a sequência de fotos para criar uma nova, juntando a melhor pose de cada pessoa.
A empresa também lançou dois smartphones de tela sensível ao toque. O BlackBerry Z10 tem tela de 4,2 polegadas e design que dispensa botões físicos e investe em menus laterais. Cada borda tem uma função específica. A inferior minimiza o aplicativo em uso, permitindo visualizar outros recursos abertos. Pela direita, é possível trocar o aplicativo, enquanto pela esquerda se aciona o BlackBerry Hub. Em cima, um menu intercala os perfis pessoal e profissional, cada um com layout e apps diferentes.
Outro destaque fica por conta do teclado, capaz de prever as palavras que o usuário pretende usar e agilizar a digitação virtual. O sistema vai estudar o vocabulário de cada um e, com o tempo, passar a sugerir as melhores escolhas. Para aceitá-las, basta arrastar o dedo para cima e está feito. O aparelho conta com processador dual-core de 1,5 GHz, 2 GB de RAM e 16 GB de memória interna, expansível até 32 GB com cartão microSD. O BlackBerry Z10 vem com câmera frontal de 2 megapixels para videochamadas e câmera traseira de 8 MP, com filmagem em FullHD. O modelo tem Wi-Fi, suporte a redes 4G e Bluetooth 4.0.
Teclado sobrevive
Já o modelo Q10 conta com o tradicional teclado físico QWERTY, popularizado pela BlackBerry. Como tela HD de 3,1 polegadas sensível ao toque, design arredondado e utilizando materiais plásticos, ele apresenta configurações semelhantes ao Z10: processador dual-core de 1,5 GHz, 2 GB de memória RAM e 16 GB de armazenamento interno, expansível para mais 32 GB com cartão microSD e câmeras frontal de 2MP, traseira de 8MP. Ambos os smartphones devem chegar ao Brasil em março, já compatíveis com o padrão de telefonia 4G. Os preços devem ficar no mesmo patamar dos rivais iPhone 5 e Galaxy S 3.
Críticos fazem elogio moderado
O brilho que se seguiu ao lançamento do BlackBerry 10, da RIM (agora chamada BlackBerry), sumiu após uma série de críticas frias indicarem que a luta da empresa para tomar fôlego no mercado supercompetitivo de smartphones está só no começo.
Alguns analistas questionaram se os novos aparelhos BB10 que a companhia lançou são o tiro certo da BlackBerry para voltar ao jogo. Enquanto o crítico do "New York Times", David Pogue, afirmou que o novo modelo Z10 é "adorável, rápido e eficiente, cheio de ideias novas e úteis", outros analistas foram mais moderados em seus elogios.
"O problema com o Z10 é que ele não faz necessariamente nada melhor do que qualquer um de seus rivais", sentenciou Joshua Topolsky, do site de notícias de tecnologia Verge. "Ninguém pode argumentar que há um ´aplicativo matador´ aqui. Algo que faz você querer o celular ou precisar dele porque ele consegue fazer o que nenhum outro celular consegue. Esse não é o caso", avaliou.
Críticas mornas - combinadas com decepção em torno de uma data mais distante que o esperado e ainda indeterminada para o início das vendas nos Estados Unidos - assustaram investidores e levaram analistas a cortar seus preços-alvo e projeções das ações da companhia na bolsa.
A BlackBerry, que vem se esforçando para reconquistar o importante mercado norte-americano e fez um anúncio no Super Bowl neste fim de semana, disse que os novos aparelhos Z10 com tela sensível ao toque não serão vendidos nos EUA até meados de março e afirmou que operadoras do país precisam de mais tempo para testar o modelo.
Fonte: Diário do Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário