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domingo, 10 de março de 2013

Moradores aguardam há 2 anos ligação com a rede de esgoto

Para "burlar" a falta de saneamento, muitos optaram por ligações clandestinas com a rede de esgoto

O forte mal cheiro existente devido à água suja que escorre na rua é o responsável por não deixar ninguém se esquecer das condições de insalubridade em que os moradores vivem na Rua Frei Serafim, no bairro Parangaba FOTO: KLEBER A. GONÇALVES

De tanto conviver com o esgoto na porta de casa, moradores da Rua Frei Serafim, no bairro Parangaba, parecem ter se habituado com a situação. O forte mau cheiro, entretanto, é o responsável por não deixar ninguém se esquecer das condições de insalubridade em que vivem. O pedreiro Antônio Pimenta Filho, 45 anos, comenta que a obra de saneamento está pronta há mais de dois anos, mas denuncia que a ligação das casas com a rede de esgoto ainda não foi feita.

"A nossa situação é muito ruim. É um problema tão fácil de resolver. A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) poderia estar ganhando dinheiro com essas ligações. Se elas estivessem funcionando, todo mundo estaria pagando, e os moradores não passariam por essa situação", destaca o morador.

Para "burlar" a falta de saneamento, muitos optaram por ligações clandestinas com a rede de esgoto da Cagece. O problema é que a rede está sobrecarregada, o que agravou a situação.

A costureira Lade Barbosa, de 48 anos, moradora há oito anos da Rua Frei Serafim, conta que já fez inúmeras reclamações junto à Cagece, mas ninguém apareceu para solucionar o problema. "É um descaso do poder público com a gente que chega a ser imoral", dispara. A moradora relata que, quando chove, a situação fica ainda mais crítica, pois o esgoto se mistura com toda a sujeira da rua.

Alerta

O professor do Departamento de Química e Meio Ambiente do Instituto Federal do Ceará (IFCE), Gemmelle Oliveira Santos, afirma que uma obra de saneamento pronta, mas sem uso, é sinal de alerta para as Agências Reguladoras do Estado e de Fortaleza, já que não só aspectos econômicos estão envolvidos, mas, sobretudo, questões de saúde pública e ambiental. O professor esclarece que a interligação de uma residência com as instalações do sistema de esgotamento sanitário existente em uma rua geralmente acontece após o envio de uma comunicação por parte da Cagece convidando o cliente para fazer a interligação. Em uma outra situação, o próprio cliente pode solicitar por telefone ou em uma das lojas o serviço.

Um dos fatores que desestimula a adesão é que se o morador tiver que desativar uma fossa séptica para interligar sua residência ao sistema, é ele quem assumirá os custos para quebrar o piso. Uma forma de reverter isso, sugere o especialista, seria mostrar o quanto a interligação é importante para todos.

Em nota emitida pela Assessoria de Comunicação, a Cagece informa que uma equipe será enviada à Rua Frei Serafim nesta segunda-feira (11) para avaliar a demanda. O índice de cobertura de esgoto em Fortaleza é de 53,71%. De acordo com a Companhia, os investimentos previstos para este ano, em esgoto, são da ordem de R$ 155,2 milhões.

Na Capital, algumas obras de saneamento estão em andamento. Nos bairros Bom Sucesso, Vila Peri, Parque São José e Vila Manoel Sátiro. A obra de esgoto prevê investimento de R$ 20,4 milhões, beneficiando 54.917 moradores, por meio de 13.493 ligações prediais e 68.882 metros da rede coletora.

Nos bairros Dias Macêdo, Itaperi, Parangaba e Serrinha R$ 22,8 milhões são investidos na ampliação do sistema de esgoto, beneficiando 54.225 pessoas com 3.155 ligações e 102.046,16 metros de rede. Na Granja Portugal e Bom Jardim obras de esgotamento sanitário beneficiarão 27.367 moradores.

LUANA LIMA 
REPÓRTER


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