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sexta-feira, 8 de março de 2013

Professora denuncia ação policial

3ª Companhia da PM faz operação de busca em casa de ex-presidiário, mas ação causa polêmica na cidade

Nova Jaguaribara Um possível caso de abuso de poder por parte da Polícia Militar está sendo denunciado pela família do ex-presidiário, Dinei Calixto Pinheiro. De acordo com sua mulher, a professora Sâmia Maria Fernandes Queiroz Pinheiro, no dia 1º de março, a Polícia invadiu a sua casa ilegalmente, por volta das 4 horas da manhã.

A casa da professora Sâmia Maria foi revistada pela Polícia e alguns móveis foram quebrados. Segundo o comando da PM na região, a ação faz parte da "Operação Tempestade", que busca apreender armas e drogas no Vale do Jaguaribe

Porém, o comandante da 3ª Companhia de Polícia Militar de Jaguaribe, capitão Lucivando Rodrigues, nega a acusação e justifica que a operação estava devidamente autorizada, diante de um mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça. Conforme ele, a ação fez parte da "Operação Tempestade", que objetiva apreensão de armas e drogas no Vale do Jaguaribe.

A professora do município Sâmia Pinheiro conta que, na madrugada do dia 1º de março, por volta das 4 horas da manhã, cerca de 30 homens da Polícia Militar e do Comando Tático Rural (Cotar), bateram na porta de sua casa, localizada no Assentamento Mandacaru, avisando do mandado de busca e apreensão de armas.

Na residência estava ela, o marido Dinei, e seus três filhos menores, com idade de 16, 11 e 5 anos. Ela conta que levantou e pediu calma aos policiais e que iria abrir a porta dos fundos da casa, onde eles aguardavam.

"Quando eu abri a porta dos fundos, eles entraram e já tinha outro grupo chamando na frente da casa. Eu disse que ia abrir o portão do muro, mas eles não esperaram e arrombaram o meu portão", relata.

Ela conta que permaneceu do lado de fora da casa com os dois filhos menores de idade. Também afirma que o filho mais velho ficou do lado de dentro da residência, onde estava o pai, já algemado pelos policiais.

"Eles reviraram toda a minha casa, quebraram alguns móveis e disseram que estavam procurando armas e drogas, mas não encontraram nada lá. O que encontraram foi uma tatupeba que eu crio há uns três anos e uma espingarda de chumbinho que meu filho usa para caçar. Daí levaram meu esposo preso por isso", conta a moradora.

Além disso, a professora denuncia que os militares levaram alguns produtos que ela revende como autônoma há dois anos. Foram três motos da família e uma quantia de R$ 950,00 destinada a cobrir os cheques que ela usa para comprar os produtos.

De acordo com o advogado de Sâmia, Joacir Júnior, a ação foi abusiva, contrária aos princípios constitucionais. "A lei só permite que a Polícia adentre em uma residência para cumprir um mandado de busca e apreensão durante o dia, ou seja, a partir das 6 horas da manhã, o que não foi o caso", explica.

Segundo ele, isso fere os deveres e direitos individuais contidos na Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso XI, onde consta que "a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial", afirma.

De acordo com Joacir Júnior, nas próximas semanas sua cliente entrará com uma ação de reparação de danos contra o Estado, diante da ação dos policiais.

Denúncia de tráfico

O comandante, capitão Rodrigues, nega o abuso de poder. "Nós fomos cumprir um mandado de busca e apreensão de armas e drogas expedido pela Justiça. Fizemos como a lei determina", afirma ele.

De acordo com o comandante o ex-presidiário Dinei Carvalho cumpriu oito anos de pena em regime fechado pelo crime de homicídio. Atualmente, ele encontrava-se em regime semiaberto. Porém, há cerca de um mês e meio, não estava indo dormir na cadeia. "Nós realizamos duas prisões por tráfico de drogas há 15 dias e os acusados apontaram o nome de Dinei como chefe desse crime. Então, pedimos à Justiça um mandado de busca na sua residência", afirma.

Capitão Rodrigues disse ainda que drogas e armas não foram encontradas na residência do ex-presidiário, mas Dinei foi autuado com base na Lei de Crimes Ambientais por manter um animal silvestre preso em cativeiro (tatupeba).

Mais informações

Polícia Militar do Ceará
3ª Companhia
Nova Jaguaribara
Vale do Jaguaribe
Telefone: (88) 3522.1190

ELLEN FREITAS 
COLABORADORA


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