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sexta-feira, 8 de março de 2013

Pulverização de plantio pode combater praga

A praga da "mosca branca" não é vista como o problema mais sério para impactar na queda da produção

Quixadá. A reportagem sobre a praga da mosca branca, publicada na edição da última quarta-feira no Caderno Regional, está repercutindo entre representantes do setor produtivo do caju no Ceará. O presidente do Sindicato dos Produtores de Caju do Ceará (Sincaju), engenheiro agrônomo Paulo de Tarso Meyer Ferreira, fez extensa explanação sobre o problema.

A possibilidade de inverno inibiria a ameaça sobre os pomares do Ceará FOTO: ALEX PIMENTEL

Na sua avaliação, o combate à praga é simples e possível. Havendo pluviometria favorável, a própria natureza se encarregará de revitalizar os cajueiros. Todavia, considerando as previsões da Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), que apontam entre as probabilidades a de 40% de pluviometria abaixo da média histórica do Estado, a alternativa é pulverizar os pomares.

O processo é simples, considerando a maioria dos cajueiros como de pequeno porte, anão precoce. Basta utilizar detergente neutro na proporção de 120ml para 20 litros de água.

Mesmo assim, os custos do tratamento não compensam. O produtor gasta em média de R$ 180,00 a R$ 200,00 por hectare. No caso dos cajueiros de maior porte é mais complicado. É necessário utilizar um atomizador - um pulverizador de longo alcance - para atingir a parte mais alta das copas das árvores.

Mas equipamentos dessa natureza são diferentes dos pulverizadores costais, onde o jato é impulsionado através de bombeamento manual. O atomizador necessita de energia elétrica ou de um gerador. A alternativa recomendada é não podar o cajueiro antes do início da estação chuvosa.

Na avaliação de Paulo de Tarso, os próprios produtores, não tendo alternativa de renda, estão podando drasticamente os seus pomares para auferir lucro com a madeira. A explicação está na necessidade de manutenção de suas propriedades.

Para mantê-las limpas, é preciso pagar trabalhadores. Grande parte dessa lenha é negociada no Vale do Jaguaribe, onde se concentra grande número de olarias. Em um trabalho do Sincaju junto ao Ibama, na década de 1990 acabaram conseguindo a liberação para circulação da lenha do cajueiro, dando um grande alento as olarias e padarias local.

Revitalização

Na avaliação do Sincaju, a solução para a revitalização da cajucultura no Ceará e também em nível nacional está no fortalecimento das políticas públicas para o setor, como ocorreu na Bahia, no governo Antonio Carlos Magalhães, com a vassoura de bruxa, do cacau.

Foram investidos mais de R$ 2 bilhões na cultura produtiva e o Estado se tornou novamente um grande produtor. O mesmo processo pode ser feito em relação à cajucultura, através do Fundo de Apoio a Cultura do Caju (Funcaju). Resta apenas determinação política.

Quando o Sincaju foi criado, seus associados apresentaram um plano de metas para o governo. No pacto estavam o desenvolvimento, financiamento e modernização da agroindústria e derivados.

O setor da cajucultura é responsável por cerca de 150 mil empregos. O Sincaju representa mais de 300 produtores de caju nos 45 municípios concentradores de plantio de cajueiro.

De acordo com o líder sindical, 20 cooperativas com mais de 120 membros em cada uma delas, também estão filiadas ao Sincaju. Demonstram preocupação com o destino da cajucultura, tanto em nível estadual como nacional. Com mais de 30 anos dedicados à cultura do Caju, e à frente do Sincaju desde sua fundação, em 1992, Paulo de Tarso avalia a atual situação do setor produtivo.

Sem incentivos institucionais, dos governos do Estado e Federal, o Brasil poderia estar em melhor situação no setor produtivo de amêndoas da exótica fruta tropical.

Nos últimos levantamentos, a produção nacional, tendo o Ceará como destaque, ocupa a 5ª posição do ranking mundial. Bem diferente do prestígio alcançado há pouco mais duas décadas, quando, além de maior produtor era um dos maiores exportadores de castanhas.

Através de levantamentos atualizados, o maior produtor de castanha na atualidade é o Vietnã. A nação coreana está à frente da Nigéria, Índia e Costa do Marfim. Somente depois desse grupo o Brasil entra em cena.

Para prejudicar ainda mais a produção nacional, segundo Tarso, houve exportação de tecnologia cearense do cultivo do caju, contrariando o posicionamento da maioria dos produtores nacionais. Como retorno, Gana despachou 670 containers para o porto do Pecém.

Assistência técnica

Na concepção de Tarso, os programas de assistência ruralista, prestados até o momento no Estado, servem apenas como medidas paliativas, com ações focadas em áreas distintas.

Sem o desenvolvimento de políticas produtivas e auxílio econômico necessário para manutenção dos pomares nas épocas de entressafra e assistência emergencial nas secas, como o Garantia Safra, em breve o pedúnculo e sua amêndoa se tornarão cada vez mais raros, no Ceará e no Brasil.

Na época áurea da cajucultura, a produção de castanha por hectare era de 700 quilos. Hoje, não ultrapassa 100 quilos.

Mais informações:

Sindicato dos Produtores de Caju do Ceará (Sincaju)
Rua Silvia Jatahy, 72
Fortaleza
Telefone: (85) 3448.1677

ALEX PIMENTEL 
COLABORADOR


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