
Improviso de leitos no corredor do Hias, mostrado na edição do O POVO do
último dia 13: a emergência chega aos 50 leitos, com corredores
lotados. Muitos são casos para resolução na atenção primária
Os cearenses de até 12 anos têm à disposição poucos leitos e poucos médicos pediatras. Levantamento feito pelo O POVO a
partir de números do banco de dados do Sistema Único de Saúde (DataSUS)
e das secretarias da saúde de Fortaleza e do Ceará indica serem 3.337
leitos para pessoas de zero a 12 anos no Estado. O número se refere
apenas aos leitos do SUS nas redes próprias (municipal, estadual ou
federal) e credenciada e em hospitais filantrópicos.
Quando
o número é relacionado à população cearense nessa faixa etária
(1.837.613, segundo o Censo 2010 do IBGE), chega-se à uma relação de 1,8
leito para cada grupo de mil habitantes. O índice é inferior ao
preconizado pelo Ministério da Saúde (2,5 a 3 leitos por mil habitantes)
e quase igual à relação de leitos do SUS por cearense, que é de 1,7,
como O POVO mostrou na edição do dia 4 de março.
Apesar
de o índice ser insuficiente na classificação nacional, a pediatra
Francielze Lavor pontua que, se o Ceará tivesse uma rede de atenção
pediátrica eficiente, os leitos seriam suficientes. “Se tiver
atendimento ambulatorial adequado, capacitado, postos de saúde
funcionando, rede primária realmente atendendo, prevenindo doenças, vou
ter necessidade menor de leitos de internamento”, explica a pediatra,
que é membro da diretoria da Sociedade Cearense de Pediatria (Socep).
“O
fato de ter leito físico não significa que a assistência esteja
excelente. Porque, na verdade, eu preciso de uma rede básica bem
estrutura, uma rede secundária que atenda a demanda dessa rede primária e
aí sim um leito terciário, especializado”, cita a médica.
A
não resolutividade de casos simples na atenção básica é perceptível
quando se observa o Interior do Estado, apontam os médicos ouvidos pelo O
POVO. Por causa da falta de profissionais especializados em pediatria e
do acompanhamento dos pacientes no dia a dia, muitos pais precisam
trazer os filhos para Fortaleza. “Temos hospitais que já têm nível
terciário, mas não conseguem ser resolutivos. Temos leito disponível,
mas infelizmente não temos o profissional concentrado no Interior”,
lembra Francielze Lavor.
Por quê
ENTENDA A NOTÍCIA
São
essenciais: leitos disponíveis para a internação das crianças;
profissionais com conhecimento e competência para o atendimento; e a
estruturação de uma rede de atendimento completa que garanta a atenção e
a prevenção.
Números
148 leitos pediátricos
na rede municipal própria da Prefeitura de Fortaleza. Estão em seis unidades
52 leitos de UTI
pediátrica na rede estadual do Ceará
57 leitos de UTI neonatal
na rede estadual do Ceará
3.337 leitos pediátricos
que atendem pelo SUS no Ceará
Leitos pediátricos
Para esta reportagem, O POVO calculou
o número de leitos pediátricos a partir de sete categorias indicadas
pelo Ministério da Saúde. São elas: pediatria clínica, pediatria
cirúrgica, UTI neonatal, UTI pediátrica, neonatologia, Unidade de
Cuidados Intermediários Pediátrica e Unidade Intermediária Neonatal.
Tipos de leitos contabilizados:
1. Pediatria clínica
são
leitos de enfermaria onde são tratadas doenças básicas, para as quais
não são necessários cuidados intensivos. Podem ser de pediatria geral
ou especializada (leito de cardiologia pediátrica, por exemplo).
2. UTI pediátrica
são
destinados a crianças que precisam de cuidados intensivos, com
ventilação mecânica, nutrição parenteral (na veia), monitorização dos
sinais vitais. A divisão do Ministério da Saúde dos leitos em números
(I, II e III) se refere ao nível de complexidade, sendo o III o mais
completo.
3. UTI neonatal
são para
recém-nascidos até os 3 meses de vida, que sejam prematuros ou tenham
alguma doença que necessite cuidados intensivos. Segundo a portaria nº
930/2012 do Ministério da Saúde, para 1.000 nascidos vivos deve haver
dois leitos de UTI neonatal, dois da Unidade de Cuidado Intermediário
Neonatal Convencional (UCINCo) e um Unidade de Cuidado Intermediário
Neonatal Canguru (UCINCa).
4. Pediatria cirúrgica
leitos para internação para tratamento cirúrgico.
5. Cuidados intermediários
para
onde a criança vai quando não precisa mais de toda a monitorização
ofertada em uma UTI, mas ainda carece de cuidados mais frequentes.
6. Unidade intermediária neonatal
leitos onde o bebê que não precisa mais dos cuidados da UTI, mas,
muitas vezes, está em processo de ganho de peso, treinamento da sucção
para mamar.
7. Neona-tologia
é ramo da pediatria que cuida das crianças com até 28 dias de vida. Os leitos da área são para internar bebês dessa faixa.
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