Lei em vigor no Chile desde 2010 garante acesso
à pílula do dia seguinte na rede pública de saúde
(Foto: Tara Moore/Cultura Creative/Arquivo AFP)
à pílula do dia seguinte na rede pública de saúde
(Foto: Tara Moore/Cultura Creative/Arquivo AFP)
Três anos após aprovar o acesso universal à "pílula do dia seguinte", o
governo do Chile emitiu um regulamento que determina como o remédio
deve ser distribuído nos centros de saúde do país, inclusive para
menores de 14 anos.
No Brasil, as mulheres podem obter gratuitamente a pílula do dia
seguinte e o anticoncepcional pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em
postos de saúde. O medicamento é fornecido após avaliação médica, que em
geral é feita por um profissional no próprio posto, informa o
Ministério da Saúde. Não há limitação de idade para obter o
contraceptivo, segundo a pasta. O ministério ressalta ainda existirem
cerca de 34 mil postos de saúde pelo país.
Para quem quiser comprar, o programa Farmácia Popular oferece ambos os
métodos contraceptivos com desconto pelo SUS - há cerca de 20 mil
farmácias particulares conveniadas e outras 500 Farmácias Populares, de
acordo com o Ministério da Saúde. É necessário apresentar documento de
identidade, CPF e receita médica.
Nova lei chilena
A nova lei, publicada na quinta-feira (28) no Diário Oficial chileno, estabelece que a oferta do contraceptivo de emergência será obrigatória às pacientes independentemente da idade.
"Se um consultório municipal se negar a fornecer a 'pílula', teremos
que tomar medidas", disse ao jornal "La Tercera" o ministro da Saúde do
país, Jaime Mañalich.
Desde 2010, após um longo trâmite iniciado no governo da presidente
socialista Michelle Bachelet, está em vigor no Chile uma lei que garante
o acesso gratuito à pílula do dia seguinte no sistema público, embora a
legislação também obrigue os médicos a informar os pais depois de
distribuir o medicamento a menores de 14 anos.
Com novo regulamento, porém, essa informação aos pais ficará a critério
do profissional, pois entende que "toda pessoa tem direito à
confidencialidade e privacidade".
Até agora, a falta de um regulamento claro sobre como aplicar a lei
dificultou o acesso à pílula, sobretudo para os jovens chilenos, um país
conservador onde o aborto é proibido em todas as suas formas.
Um estudo da Universidade Central de Santiago feito em 2011 aponta que
77,8% dos municípios do país dizem distribuir a pílula do dia seguinte. A
principal razão mencionada para as cidades que não entregavam o remédio
era por falta de estoque (31,4%) ou de recursos humanos (17,1%).
Outro estudo de 2010, conduzido pela Faculdade Latino-Americana de
Ciências Sociais (Flacso), revelou que 30% dos municípios chilenos não
ofereciam a pílula do dia seguinte e 39% faziam isso com restrições.
Antes de ser decretado seu acesso universal, esse tipo de contraceptivo
esteve proibido durante vários anos no Chile, por sucessivos recursos
apresentados por grupos conservadores que o consideram abortivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário