Alzheimer é uma doença degenerativa cada vez
mais comum em idosos (Foto: Reuters/BBC)
mais comum em idosos (Foto: Reuters/BBC)
Um diagnóstico mais precoce, menos medicamentos psiquiátricos e maior
ajuda familiar são as propostas de especialistas europeus reunidos em
Paris para discutir o mal de Alzheimer e outras doenças degenerativas.
As enfermidades neurodegenerativas, para as quais não há cura até o
momento, atingem 6,36 milhões de pessoas com mais de 65 anos na Europa. E
o número total pode ultrapassar 10 milhões de pacientes em 2040,
segundo estimativas apresentadas nesta quinta-feira (28) por Nicola
Vanacore, do Instituto Superior de Saúde da Itália. O problema também
afeta diretamente 20 milhões de assistentes familiares, conhecidos como
cuidadores.
"Esses transtornos são a primeira causa de depressão dos assistentes",
destacou Armelle Laperre-Desplanques, coordenadora do projeto europeu de
cooperação sobre o mal de Alzheimer, chamado Alcove (Alzheimer
Cooperative Valuation in Europe) e lançado em 2011 pela Comissão
Europeia.
A iniciativa, da qual participam 19 países da União Europeia (UE), é
coordenada pela Alta Autoridade de Saúde da França, um organismo
independente cujo papel é favorecer as boas práticas na medicina.
A entidade emitiu uma série de recomendações para melhorar o tratamento
do Alzheimer no continente europeu. Entre as sugestões, está limitar a
"superexposição" dos pacientes aos medicamentos neurolépticos
(antipsicóticos usados para tratar sintomas como alucinações e
delírios), com taxas que vão de 25% a 60%, segundo os países europeus
estudados.
Para diminuir esses tratamentos, que podem ser nocivos para os
pacientes, o projeto Alcove recomenda enfoques que deixam de lado a
farmacologia e dão ênfase a um maior acompanhamento das pessoas
responsáveis pela ajuda familiar.
"Não há receita milagrosa", admitiu a médica finlandesa Harriet Fine
Soveri, que coordenou os trabalhos do Alcove dedicados à assistência
para transtornos de comportamento.
Consultada sobre os enfoques não farmacológicos, a médica afirmou que "tudo depende da situação".
"Se o transtorno está relacionado à dor, é preciso tratar a dor. Se, ao
contrário, se trata de uma perda de referências, é preciso educar os
assistentes para avaliar as necessidades do paciente", explicou.
O mal de Alzheimer, assim como outras demências senis, afeta sobretudo
as pessoas com idade avançada. Provoca perda de memória, declínio das
funções cerebrais e alteração da personalidade. Na França, esses males
atingem 875 mil pessoas e na Itália, 950 mil, segundo estimativas de
Nicola Vanacore, que, baseando-se nos estudos mais recentes, avalia a
prevalência dessas doenças em 7,2% entre os indivíduos acima de 65 anos.
O projeto Alcove estuda também o diagnóstico da doença. "Só a metade
dos casos é diagnosticada e muitos, tardiamente", afirmou Armelle,
destacando que a doença deveria ser diagnosticada assim que aparecem os
primeiros sintomas de perda de memória.
Um diagnóstico precoce permite que os assistentes familiares busquem as
informações necessárias para acompanhar os doentes e, assim, retardem o
ingresso dos pacientes em uma instituição, acrescentou a coordenadora
do Alcove.
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