Agentes da Subsecretaria de Inteligência (SSINTE) da Secretaria de
Segurança e da Corregedoria da Polícia Militar, além do Grupo de Atuação
Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público,
deflagraram, na manhã desta terça-feira (30), uma operação para prender
uma quadrilha – formada em sua maioria por policiais – que cobrava
propina de vendedores ambulantes e mototaxistas irregulares em Bangu, na
Zona Oeste, e bairros vizinhos. De acordo com a Secretaria de Segurança
do Rio, os 60 policiais acusados de cometer os crimes não fazem parte
de nenhuma milícia.
(Correção: ao ser publicada, esta reportagem errou
ao informar que eram 59 os policiais suspeitos de cobrar propina. O
número, passado pelo Ministério Público, foi retificado para 60 pela
Secretaria de Segurança. O erro foi corrigido às 11h55).
Dos 78 denunciados pelo MP-RJ, 60 são policiais: 53 militares, sendo
que 41 já foram presos, e sete civis, dos quais seis haviam sido presos
até as 11h40, segundo a Secretaria de Segurança. Os agentes públicos são
de diferentes unidades. Os policiais militares pertencem aos seguintes
batalhões: 14º (Bangu), 9º BPM (Rocha Miranda), 20º BPM, 6º BPM
(Tijuca), 4º BPM (São Cristóvão), 41º BPM (Irajá), 15º BPM (Caxias) e do
Centro de Formação de Praças (Cefap). Os policiais civis trabalhavam na
34ª DP (Bangu) e na Delegacia de Repressão aos Crimes contra a
Propriedade Imaterial (DRCPIM). Entre os não policiais, 18 procurados
eram procurados, dos quais 14 já foram presos.
Todos tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça, que expediu
ainda mandados de busca e apreensão nas residências dos policiais e nas
unidades onde eles trabalham. Eles são acusados de formação de
quadrilha, concussão e roubo.
As investigações, que contaram com escutas telefônicas autorizadas pela
Justiça, mostraram que o grupo cobrava uma taxa para não reprimir a
comercialização de produtos piratas e a circulação de mototaxistas
irregulares na região. Na denúncia, os promotores do Gaeco afirmam que
eram cobrados R$ 70 por semana, divididos em duas parcelas de R$ 35, que
deveriam ser pagos sempre as quartas e quintas-feiras. O dinheiro era
repartido entre os integrantes da quadrilha.
Já as sextas e sábados eram recolhidos R$ 5 de cada ambulante. O
montante era destinado aos policiais que trabalham na cabine da PM, no
Calçadão de Bangu, uma das principais áreas de comércio do bairro.
Grupo praticou até roubo
Em vez de serem encaminhados à delegacia da área, produtos piratas apreendidos pelos policiais eram revendidos a outros feirantes, para incrementar os lucros do esquema criminoso.
A investigação mostra ainda que, no dia 26 de julho de 2012, dois policiais em serviço, armados, ameaçaram dois camelôs no Calçadão de Bangu, roubando camisas e bermudas, avaliadas em R$ 4 mil, de um dos ambulantes. O outro camelô teve CD’s e DVD’s piratas roubados. De acordo com o MP-RJ, o roubo aconteceu porque os vendedores ambulantes não pagaram o dinheiro exigido semanalmente.
As principais atividades ilícitas da quadrilha eram praticadas nas
feiras-livres nas ruas Ari Franco, Cônego Vasconcelos e Marechal
Marciano, em Bangu. Parte do grupo atuava também nas ruas Jurubaíba e
Américo Rocha, em Honório Gurgel, no Subúrbio do Rio.
Flagrantes em vídeos
Em entrevista à Rádio CBN na manhã desta terça-feira (30), o Subsecretário de Inteligência, Fábio Galvão, disse que alguns vídeos foram gravados com flagrantes dos policiais.
"Aparece nos vídeos a arrecadação dos comerciantes pelos policiais
militares à paisana, armados, junto com camelôs também, passando por
toda a feira e recolhendo dinheiro e depois entregando na cabine
localizada na feira de Bangu e entregando para viaturas. Está tudo
documentado", explicou Fábio Galvão, que acrescentou ainda que a ação
conta com cerca de 400 policiais.
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