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domingo, 23 de fevereiro de 2014

Mudanças climáticas afetam situação do litoral

Em entrevista ao Diário do Nordeste, Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e um dos mais respeitados especialistas em mudanças climáticas em todo o mundo, alerta para as decisões que devemos tomar para tentar reverter o quadro atual, principalmente no que diz respeito à diminuição de emissão de gases de efeito estufa (GEE). 

No plano local, o doutor em Ciências do Mar Davis Pereira de Paula explica, dentre outras coisas, como o Porto do Mucuripe, construído na década de 30 do século passado, impactou a costa oeste de Fortaleza e atingiu praias de Caucaia, como a de Iparana, que praticamente foi varrida do mapa. Para o especialista, não se pode atribuir apenas a essa questão os problemas que se sucederam nessas faixas de praia do nosso litoral.

Em contrapartida, o Porto do Pecém, construído afastado da costa (offshore), até o momento não causou qualquer tipo de impacto mais significativo, se comparado ao do Mucuripe. A Praia do Pecém, aliás, uma das que mais sofria com processos erosivos, foi beneficiada com uma pequena engorda.

O especialista ressalta o que ele chama de "avanço da civilização sobre o mar". Lembra que, em grande parte, as ocupações feitas de forma desordenada contribuíram para tanta destruição.

Já o professor do curso de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jeovah Meireles, alerta para os fatores antrópicos que podem interferir para que uma das mais conhecidas dunas do nosso litoral, a do Pôr do Sol, de Jericoacoara, possa desaparecer antes do que deveria. Ali, centenas de pessoas sobem todos os dias. No período de fim de ano, o fluxo passa a ser de milhares de visitantes.

Jeovah Meireles aborda ainda a questão de algumas usinas eólicas instaladas no nosso parque de dunas e que, a exemplo de outros empreendimentos, estão sendo alcançadas pelo avanço do mar.

Dentre as praias visitadas, a do Icaraí, cuja erosão de há muito vem ocupando espaço na mídia local parece estar perto de uma solução, com a construção de vários espigões, com custo aproximadamente de R$ 110 milhões, o que, aliás, dimensiona os prejuízos causados pela erosão marinha. O problema é que esse tipo de intervenção pode acabar afetando outras praias mais próximas, como Cumbuco, por exemplo.

Na Praia do Icaraizinho, em Amontada, um cemitério secular na beira do mar pode estar com os dias contados. Ali, os corpos são enterrados sem qualquer controle da Prefeitura. Em Almofala, distrito de Itarema, as dunas móveis locais soterraram uma igreja durante 45 anos. O imóvel, devidamente restaurado, é hoje ponto de visitação por parte de turistas e curiosos.

Fonte: Diário do Nordeste.

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