PAUSE PARA LER OS CONTEÚDOS

domingo, 23 de fevereiro de 2014

'Pôr do sol' em Jericoacoara está com os dias contados

Image-0-Artigo-1550751-1 
Embora o deslocamento das dunas seja um processo natural ao longo do tempo, 
a presença humana, como em Jeri, pode apressar essa dinâmica
FOTO: KID JÚNIOR

Jeovah Meireles afirma que o mar avança em locais onde as dunas estão sendo ocupadas de forma inadequada.

Jijoca de Jericoacoara. Uma das atividades mais prazerosas para quem visita o Parque Nacional (Parna) de Jericoacoara é contemplar o pôr do sol numa duna que leva o nome dessa dádiva da natureza. Ao contrário do que muita gente imagina, essa ação, realizada por milhares de pessoas diariamente, pode estar afetando o importante elemento do ecossistema costeiro, segundo estudos do professor do curso de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC) Jeovah Meireles.

Para se ter uma ideia da visitação a que está exposta, o autônomo Renato da Silva e Souza, 37 anos, que escala todo dia o local para levar uma barraquinha improvisada para vender água de coco e caipirinha aos frequentadores, garante que ela chega a receber mais de 10 mil turistas durante o Réveillon.

"Em dias comuns, são cerca de 600 pessoas, com um aumento nos fins de semana; no período de festas de fim de ano, esse número chega a três mil; no dia de Réveillon, fica completamente tomada, com mais de 10 mil pessoas", assegura Renato.

Além do sobe e desce das pessoas, a reportagem flagrou passeios a cavalo e muitas crianças, adolescentes e até adultos descendo numa pequena prancha de madeira, num esporte chamado de " esquibunda".

O professor Jeovah Meireles vem estudando há bastante tempo o parque de dunas de Jericoacoara, em especial a duna do Pôr do Sol, a do Papai Noel, que fica um pouco mais a leste da primeira, e a da Arraia, a maior das três. "A do Pôr do Sol, possivelmente por essa enorme frequência, está sendo alterada tanto na forma quanto na dinâmica de migração. A médio prazo, será consumida pelas ondas e os ventos que a estão levando para dentro do mar. Esse trânsito de pessoas subindo e descendo a sua face de avalanche está incrementando a queda de areia que pode ir parar inclusive nos Lençóis Maranhenses. Afirmo sem dúvida alguma, que o mar está avançando em todos os locais onde as dunas estão sendo ocupadas de forma inadequada", diz Meireles.

Passeio proibido

O chefe da Parna Jericoacoara, Wagner Cardoso, admite que a presença das pessoas pode acelerar o desaparecimento da duna, mas acredita que o impacto humano é pequeno se comparado às ações naturais das marés e dos ventos. Argumenta ser inviável proibir o acesso de turistas, pois essa é uma das principais atrações para os visitantes. "Tal medida, implicaria em maciça manifestação contrária da população de Jeri, que se sustenta pela exploração do mercado turístico do local". Em relação ao passeio a cavalo, garante que "será proibido após a revitalização da sinalização visual do Parna, que será implementada nos próximos meses". (FM)

Jericoacora_

 Fonte: Diário do Nordeste.

Nenhum comentário:

Postar um comentário