O reservatório corre o risco de secar, com a liberação de 350
litros
de água por segundo, quando o acordo era para somente 250 l/s
FOTO: ALEX PIMENTEL
Senador Pompeu. Ambientalistas estão discutindo com a
população e as autoridades acerca da possibilidade de um colapso no
abastecimento de água neste município do Centro do Estado. A preocupação
foi levada à sessão ordinária da Câmara de Vereadores local e uma
campanha de conscientização foi iniciada na cidade. O Açude Patu corre
risco de secar.
A discussão surgiu na cidade quando a Companhia de Gestão dos Recursos
Hídricos (Cogerh) anunciou o aumento da vazão da válvula de dispersão do
Açude Patu, principal fonte de abastecimento urbano local, de 150
litros/segundo para 250 l/s. Todavia, de acordo como o engenheiro
agrônomo e ambientalista Deodato Aquino, a vazão liberada está sendo de
350 l/s, muito acima dos números definidos na última reunião do comitê
regional da bacia hídrica do Banabuiú. Ele e outros ambientalistas
denunciaram o caso na Ouvidoria da Cogerh.
Ainda de acordo com Adeodato Aquino, a denúncia é fundamentada em
documentos obtidos após a segunda reunião da Cogerh no dia 12 passado. O
repórter Walter Lima e o ambientalista Reginaldo Araújo fizeram os
levantamentos no final da reunião, que contou com participação de
instituições públicas, lideranças comunitárias, irrigantes, pescadores,
políticos de Senador Pompeu e Quixeramobim. Haviam firmado o acordo de
liberar da válvula do açude Patu a vazão constante de 250 l/s durante
três meses. No entanto, segundo eles após a reunião, a Cogerh encaminhou
um ofício para o Dnocs, determinando a liberação dos 350 l/s. A
alteração passa por cima da deliberação da reunião.
Com base nos últimos fatos e nos estudos realizados por Deodato Aquino,
especialista em analise de recursos hídricos, a situação é ainda mais
alarmante. "Atualmente, o reservatório Patu está com aproximadamente
19,7 milhões de metros cúbicos, equivalendo a 28% da sua capacidade.
Entretanto, em apenas um ano, de agosto de 2013 a agosto de 2014, o
açude perdeu cerca de 17 milhões de m. O mais preocupante é que esse
volume atual do reservatório, estabelecido pela Cogerh, não existe mais,
pois já se passaram 30 anos desde a construção, e a erosão proveniente
das chuvas tem acarretado o assoreamento do manancial, possivelmente
este se encontra bastante aterrado", enfatizou.
Em nome da Cogerh, o coordenador técnico do escritório da sub-bacia do
Banabuiú, Luís César Pimentel da Silva, confirmou a liberação de 350
l/s, todavia informou ter ocorrido apenas pelo período de 15 dias, para
atender comunidades ribeirinhas do rio Patu, inclusive no município de
Quixeramobim.
Sobre os riscos de colapso dos recursos hídricos do Patu, o técnico
explicou estarem sendo adotados todos os cuidados necessários. A vazão
liberada está sendo constantemente controlada. Acerca das medidas
adotadas, são decididas pelos membros da Comissão Gestora do açude,
formada por representantes públicos e usuários. A Cogerh realiza as
operações conforme decididas nos encontros.
Alex Pimentel
Colaborador
Colaborador
Fonte: Diário do Nordeste
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