Ciclo econômico no período colonial de desbravamento é recontado em imagens
Fotos: Augusto Pessoa
Nova Olinda. O ciclo do couro passa pela história do
artesão Espedito Seleiro, no Cariri. A arte que o tornou mestre e
inspirou o mundo da moda será exposta no Museu do Couro. Em fase de
montagem, o equipamento terá sua inauguração no dia 29 de outubro, em
Nova Olinda, justo na rua que se tornou o caminho das boiadas pelo
Nordeste.

Marcas deixadas pelos aboiadores no caminho das boiadas pelo
Nordeste
são registradas pelo fotógrafo Augusto Pessoa
e farão parte do acervo do
museu.
A rota passava pela Casa Grande, onde, há mais de duas décadas,
funciona o Memorial do Homem Kariri. Por meio de projeto da Fundação
Casa Grande, foi iniciado todo o processo de resgate do ciclo, com
imagens do fotógrafo Augusto Pessoa. Ele chegou a percorrer centenas de
quilômetros, para realizar os registros, juntamente com Hélio Filho,
integrante da entidade.
O objetivo do museu, um sonho do artesão, é fazer um resgate histórico
do ciclo do couro no Nordeste. Isso levando-se em consideração o
contexto de formação familiar com a atividade produtiva, e todos os
procedimentos e materiais utilizados, para a produção desde as selas de
couro de gado às sandálias e bolsas coloridas, que se tornaram
inspiração para mundo da moda fashion. Os maquinários antigos e material
produzido há décadas farão parte do acervo.

Edificações como a igreja em Oeiras, no Piauí, marcam o caminho das
boiadas
e foram registradas ao longo da expedição de resgate do ciclo do
couro.
A história documentada do ciclo do couro, com o caminho das boiadas, é
um dos importantes aspectos para se compreender a expansão da pecuária
no Nordeste brasileiro. Esse trabalho essencial para incorporar ao
equipamento foi concluído recentemente pelo fotógrafo Augusto Pessoa.
Com a finalização do processo de captação das imagens, será iniciada a
montagem do museu. A rota no Nordeste começou no século XVII, na Bahia,
com o donatário Garcia D'Ávila. Esse foi um novo momento do ciclo
migratório europeu no Brasil.

Vaqueiros aboiadores do sertão brasileiro, com seu traje típico para
percorrer caminhos das boiadas. Imagens serão expostas
de forma
permanente.
Período colonial
O caminho das boiadas, segundo a arqueóloga da Fundação Casa Grande,
Rosiane Limaverde, foi iniciado com o ciclo do açúcar, no litoral do
Nordeste. Foram várias gerações Garcia D'Ávila se mantendo no comando
desse processo, no período colonial no Brasil. A pesquisadora desenvolve
um trabalho voltado para a arqueologia histórica do caminho das
boiadas.
O projeto visa a resgatar também, dentro desse contexto mais amplo da
expansão do gado no Nordeste, a própria história do artesão, referência
da arte do couro no Ceará. Seu Espedito recebeu título de mestre da
cultura no Estado.

O museu será inaugurado nos 75 anos do mestre Espedito Seleiro,
que
confecciona os mais diversos objetos a partir do couro
e terá suas peças
expostas .
O diretor da Fundação Casa Grande, Alemberg Quindins, destaca todo o
trabalho de pesquisa que foi feito no intuito de levantar esse
histórico, trazendo embasamento amplo para se compreender o ciclo do
couro.
Em momentos difíceis de sobrevivência da arte de confeccionar as selas, o artesão decidiu desenvolver moldes de sandálias inspiradas nos calçados de cangaceiros como Lampião. E as cores foram sendo utilizadas, chamando a atenção da nova clientela, principalmente, feminina que também se formava. A família atualmente atua no mesmo ofício. Uma loja especializada foi montada na cidade, com a marca inegável dos produtos de Espedito Seleiro.
Fotografias
Segundo Augusto Pessoa, o projeto Caminho das Boiadas buscou documentar por meio de fotografias o ciclo do couro, iniciando na Casa da Torre, na Bahia, chegando até a Casa Grande. A meta é registrar marcas que resgatem o período das primeiras levas de gados que vieram para o interior do Nordeste até chegar à história do artesão de Nova Olinda. Ele destaca a rota que atravessou Bahia e Pernambuco, chegou até o Piauí e, finalmente, penetrou a Chapada do Araripe, no Ceará.
A Casa Grande, conforme Alemberg, era um rancho de comboieiros e primeira entrada dos aboiadores pelo interior do Ceará. "No caminho da boiada, nasce o seleiro e vem o seu Espedito", frisa. A casa em Nova Olinda onde será montado o Museu do Couro foi recuperada pelo artesão e segue os padrões de construção do sertão, com as cores ocre e branca utilizadas em sua pintura. Foi restaurada por meio da Associação Espedito Seleiro. A fase de montagem do equipamento conta com projeto da arquiteta Lis Cordeiro.
Foram feitos registros da Casa da Torre, interior de Pernambuco e Paraíba, no Piauí e na fronteira desse Estado com o Ceará, seguindo o caminho que as boiadas trilharam até a fundação, na cidade de Nova Olinda.
Fronteira
A Pedra Cortada, no município de Parambu, foi um dos últimos pontos visitados pela equipe, próximo da fronteira com o Piauí. No local, uma montanha teve que ser aberta para que o gado pudesse descer a Serra da Ibiapaba. As antigas casas de parada para o gado, a exemplo da casa da Várzea, em Assaré, entre outras edificações, foram registradas pelo fotógrafo.
As imagens que passarão a compor o acervo do Museu vão desde as fotos que mostram a Casa da Torre, patrimônio histórico da cidade de Oeiras, primeira capital do Piauí, à Serra da Ibiapaba, no Ceará, e casas antigas que serviam de parada para o gado, na Chapada do Araripe, a exemplo da antiga casa grande que deu origem a Nova Olinda, onde atualmente funciona a Fundação. Os registros dos vaqueiros tradicionais, vestidos com as indumentárias típicas e em ação dentro da caatinga foram realizados, além das imagens das marcas de ferro, deixadas pelos comboieiros em árvores da Floresta Nacional do Araripe.
Aniversário
O registro da trajetória do mestre Espedito, desde criança, além do seu trabalho na oficina com familiares, na produção das peças também serão incluídos no acervo. No aniversário dos 75 anos, Espedito Seleiro realiza o sonho pessoal de abrir as portas do museu. Ele já chegou a produzir mais de 30 peças em couro para expor de forma permanente. As peças resgatam diversos modelos de selas, gibões e chapéus mais usados pelos vaqueiros no Nordeste. O caminho do aboio é refeito, dessa vez para contar a trajetória de séculos.
Lembranças da infância são recorrentes, desde as primeiras lições do ofício do seu avô e do pai, Raimundo Seleiro e Gonçalves Seleiro. Uma máquina de ferro, que ele chama de bigorna, com mais de cem anos, e não se sabe a origem do local de fabricação, será inserida no acervo do Museu. O equipamento vem sendo utilizado desde a época do avô. Além disso, foi preparada uma produção específica que retrata os cangaceiros do sertão. Além do Museu, uma das salas do equipamento contará com a Oficina-Escola Espedito Seleiro.
Memória
Em momentos difíceis de sobrevivência da arte de confeccionar as selas, o artesão decidiu desenvolver moldes de sandálias inspiradas nos calçados de cangaceiros como Lampião. E as cores foram sendo utilizadas, chamando a atenção da nova clientela, principalmente, feminina que também se formava. A família atualmente atua no mesmo ofício. Uma loja especializada foi montada na cidade, com a marca inegável dos produtos de Espedito Seleiro.
Fotografias
Segundo Augusto Pessoa, o projeto Caminho das Boiadas buscou documentar por meio de fotografias o ciclo do couro, iniciando na Casa da Torre, na Bahia, chegando até a Casa Grande. A meta é registrar marcas que resgatem o período das primeiras levas de gados que vieram para o interior do Nordeste até chegar à história do artesão de Nova Olinda. Ele destaca a rota que atravessou Bahia e Pernambuco, chegou até o Piauí e, finalmente, penetrou a Chapada do Araripe, no Ceará.
A Casa Grande, conforme Alemberg, era um rancho de comboieiros e primeira entrada dos aboiadores pelo interior do Ceará. "No caminho da boiada, nasce o seleiro e vem o seu Espedito", frisa. A casa em Nova Olinda onde será montado o Museu do Couro foi recuperada pelo artesão e segue os padrões de construção do sertão, com as cores ocre e branca utilizadas em sua pintura. Foi restaurada por meio da Associação Espedito Seleiro. A fase de montagem do equipamento conta com projeto da arquiteta Lis Cordeiro.
Foram feitos registros da Casa da Torre, interior de Pernambuco e Paraíba, no Piauí e na fronteira desse Estado com o Ceará, seguindo o caminho que as boiadas trilharam até a fundação, na cidade de Nova Olinda.
Fronteira
A Pedra Cortada, no município de Parambu, foi um dos últimos pontos visitados pela equipe, próximo da fronteira com o Piauí. No local, uma montanha teve que ser aberta para que o gado pudesse descer a Serra da Ibiapaba. As antigas casas de parada para o gado, a exemplo da casa da Várzea, em Assaré, entre outras edificações, foram registradas pelo fotógrafo.
As imagens que passarão a compor o acervo do Museu vão desde as fotos que mostram a Casa da Torre, patrimônio histórico da cidade de Oeiras, primeira capital do Piauí, à Serra da Ibiapaba, no Ceará, e casas antigas que serviam de parada para o gado, na Chapada do Araripe, a exemplo da antiga casa grande que deu origem a Nova Olinda, onde atualmente funciona a Fundação. Os registros dos vaqueiros tradicionais, vestidos com as indumentárias típicas e em ação dentro da caatinga foram realizados, além das imagens das marcas de ferro, deixadas pelos comboieiros em árvores da Floresta Nacional do Araripe.
Aniversário
O registro da trajetória do mestre Espedito, desde criança, além do seu trabalho na oficina com familiares, na produção das peças também serão incluídos no acervo. No aniversário dos 75 anos, Espedito Seleiro realiza o sonho pessoal de abrir as portas do museu. Ele já chegou a produzir mais de 30 peças em couro para expor de forma permanente. As peças resgatam diversos modelos de selas, gibões e chapéus mais usados pelos vaqueiros no Nordeste. O caminho do aboio é refeito, dessa vez para contar a trajetória de séculos.
Lembranças da infância são recorrentes, desde as primeiras lições do ofício do seu avô e do pai, Raimundo Seleiro e Gonçalves Seleiro. Uma máquina de ferro, que ele chama de bigorna, com mais de cem anos, e não se sabe a origem do local de fabricação, será inserida no acervo do Museu. O equipamento vem sendo utilizado desde a época do avô. Além disso, foi preparada uma produção específica que retrata os cangaceiros do sertão. Além do Museu, uma das salas do equipamento contará com a Oficina-Escola Espedito Seleiro.
Memória
“O caminho das boiadas foi iniciado na Bahia, passando por Nova Olinda. Resgatamos o ciclo do couro”
AUGUSTO PESSOA
Fotógrafo
Fotógrafo
Elizângela Santos
Repórter
Repórter
Mais informações:
Espedito Seleiro
Rua Monsenhor Tavares,140
Centro
Nova Olinda –CE
Telefone (88) 3546.1432
Fonte: Diário do Nordeste
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