Ministro da Educação Cid Gomes
O novo ministro da Educação, Cid Gomes,
defendeu nesta sexta-feira (2), ao receber o cargo do antecessor,
Henrique Paim, uma reforma no currículo do ensino médio das escolas
brasileiras que leve em conta as diferenças culturais dos estados.
“Temos como grande meta melhorar a qualidade do ensino fundamental. No
ensino médio, além de ampliar o acesso, reformar o currículo,
compreendendo as características regionais de cada estado”, afirmou.
A cerimônia de transmissão do cargo foi realizada no Ministério da
Educação. O plenário ficou lotado e contou com a presença de ministros,
parlamentares e reitores de universidades federais.
Em discurso, Cid Gomes afirmou que, após os esforços dos governos Lula e
Dilma pela redução da desigualdade e combate a fome, é chegado o
momento de trabalhar pela "inclusão pelo saber".
“Brasil pátria educadora. Este é o lema do segundo governo da nossa presidenta Dilma Rousseff.
Como disse também nossa presidenta, a educação será a prioridade das
prioridades. O Brasil nos últimos 12 anos teve grande êxito com
políticas sociais e de segurança alimentar, permitindo que o Brasil
saísse do mapa da fome. Agora o novo desafio é o da inclusão pelo saber.
A educação é o caminho certeiro para o desenvolvimento humano”, disse.
Após a cerimônia, em entrevista aos jornalistas, Cid Gomes explicou que
a reforma no ensino médio será discutida com educadores e diversos
setores da sociedade antes de ser implementada num prazo de até dois
anos.
“Acho que, começando agora, em dois anos podemos ter a sua
implantação”, afirmou. Segundo Cid, as mudanças curriculares ainda serão
definidas em “ampla discussão” com educadores e demais setores da
sociedade.
Ele defendeu, porém, que os estudantes tenham contato maior com
matérias que possam embasar os cursos que pretendem seguir nas
universidades.
Na França, por exemplo, os alunos decidem se querem se aprofundar em
matérias de humanas ou exatas. “Eu pessoalmente defendo que seja
oferecido aos estudantes de ensino médio um aprofundamento nas áreas que
eles tenham interesse”, ressaltou.
'Desigualdades educacionais'
Ao discursar antes de transmitir o cargo para Cid Gomes, Henrique Paim afirmou considerar que os governos Lula e Dilma conseguiram reduzir as “desigualdades educacionais”. Ele citou a instituição de cotas nas universidades como política de inclusão social.
“Inauguramos um processo de valorização da universidade pública e
conseguimos implantar a lei de cotas, que considero a política mais
importante, permitindo que negros, indígenas e pessoas de escolas
públicas conseguissem acessar as universidades federais”, afirmou.
Salário dos professores
Em entrevista coletiva concedida ao final da solenidade, o novo ministro da Educação afirmou que o reajuste do piso salarial dos professores em 2015 deverá ser definido na próxima semana. Ele não quis, porém, adiantar o valor.
“O piso é pago por estados e municípios e ele já tem balizamento
definido por lei. Quero conversar com representantes de quem vai receber
e com quem vai pagar antes de anunciar publicamente”, afirmou.
Cid Gomes também negou ter dito que professores devem trabalhar por
paixão e não por dinheiro. Essa suposta declaração do ex-governador do
Ceará tem circulado pela internet e virou alvo de piadas e críticas. Aos
jornalistas que cobriam a cerimônia de transmissão de cargo, Cid disse
que professor precisa ter vocação, mas também boa remuneração.
“O que eu disse é que qualquer servidor público, seja ele vereador,
governador, médico, deputado, professor antes de qualquer coisa precisa
ter vocação. É um espaço que você tem por natureza a posição de
sacrifício pessoal. Claro que você tem que ter boa remuneração. Eu nunca
disse que não. Seria um contrassenso porque sou filho de professores.
Até por experiência pessoal sei da importância de ter boa remuneração”,
afirmou.
Perfil
Cid Gomes integra uma família com tradição na política do Ceará, estado que governou de 2007 até esta quinta-feira (1). Filho de prefeito, irmão de um ex-ministro de Estado e de um deputado estadual, Cid Gomes é natural de Sobral, município do sertão cearense, onde os Gomes dão nome a vias públicas e escolas.
No ano passado, ele se desfiliou do PSB após entrar em rota de colisão
com o então presidente nacional do partido e governador de Pernambuco,
Eduardo Campos – morto em agosto deste ano em um acidente aéreo no
litoral de São Paulo.
O futuro ministro decidiu deixar a sigla ao lado de aliados cearenses –
incluindo o irmão mais velho, Ciro Gomes – no momento em que Campos
rompeu com o governo Dilma Rousseff para se lançar na corrida pela
Presidência.
Fonte: G1
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