O senador cearense assumirá o posto de Renan Calheiros, que ocupa a liderança do partido desde 2009
Brasília. Em uma tentativa de pacificar os ânimos da maior bancada do Senado, a liderança do PMDB na Casa divulgou ontem uma nota à imprensa em que confirma o nome do senador Eunício Oliveira (CE) como futuro líder do partido no Senado.
O acordo da bancada favoreceu Eunício Oliveira que será guindado a líder do PMDB no Senado, Romero Jucá, desistiu da disputa em prol da eleição de Renan Calheiros à Presidência do Senado e assumirá a vice-presidência da casa FOTO: AG. SENADO
Para fechar o acordo foi preciso a presidente Dilma Rousseff entrar no jogo e chamar o vice-presidente Michel Temer e a Ministra Ideli Salvatti para garantir a manutenção de um acordo feito anteriormente. Com isso, Eunício acabou beneficiado derrotando Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP) que queriam Romero Jucá (RR).
Como prêmio de consolação Jucá, que desistiu da disputa, deverá assumir a segunda vice-presidência do Senado.
Eunício Oliveira assumirá o posto de Calheiros, que ocupa a liderança do partido desde 2009, e é o favorito para voltar a presidir ao Senado na eleição marcada para amanhã.
Renan disse na nota que a bancada do PMDB está "unida" e que mais uma vez "demonstrou coesão interna no debate sobre a liderança do partido" pelos próximos dois anos. Romero Jucá também será o primeiro vice-líder do partido.
"Mais uma vez o PMDB demonstra sua unidade interna que tem proporcionado ao Brasil um quadro de estabilidade política fundamental para os avanços socioeconômicos", diz a nota.
Sem a disputa entre Eunício e Romero Jucá os esforços do grupo político de Renan Calheiros serão agora direcionados para elegê-lo presidente do Senado. A candidatura de Calheiros deverá ser lançada oficialmente hoje, em reunião dos 20 senadores da bancada do partido.
O atual líder do PMDB está na berlinda desde que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, apresentou denúncia na sexta-feira passada por crimes que em 2007 levou Calheiros a renunciar a Presidência do Senado para evitar ser cassado.
O alagoano deve entrar na disputa contra os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Pedro Taques (PDT-MT).
Randolfe e Taques decidem hoje se cada um concorrerá à Presidência ou se vão lançar uma candidatura única.
Câmara
Na Câmara, enquanto a sigla está unida em torno da candidatura do deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para a Presidência da Casa, o cenário é de uma bancada rachada em três para a escolha do líder. Todos os candidatos, Sandro Mabel (GO), Eduardo Cunha (RJ) e Osmar Terra (RS), dizem ter votos suficientes para levar a disputa a um segundo turno.
A escolha do novo líder do partido na Casa está prevista para acontecer no próximo domingo (3). Numa tentativa de tentar acalmar os ânimos internamente, os três se reuniram ontem tendo como uns dos itens da pauta um acordo de não agressão até o dia da eleição.
"Não acho que ganho no primeiro turno, mas serei o primeiro colocado", disse Cunha. "Estou no segundo turno. Estão tentando canibalizar os meus votos", disse Terra. Mabel tem andado com uma lista com nomes de supostos apoiadores, no qual também diz ter a maioria.
Congresso é palco de manifestações
Brasília. Cerca de 20 pessoas fizeram ontem um protesto no gramado em frente ao Congresso Nacional contra a candidatura de Renan Calheiros (PMDB-AL) à Presidência do Senado. Impedidos pela segurança do Congresso de "lavarem" a rampa numa "faxina" para limpeza da Casa, os manifestantes fizeram a lavagem simbólica no lago em frente à sede do Legislativo.
O grupo desenhou uma cruz no gramado principal formada com baldes e vassouras FOTO: REUTERS
O grupo desenhou uma cruz no gramado principal formada com baldes e vassouras. O gesto, de acordo com o coordenador do movimento, representa a necessidade do Senado "limpar" sua imagem, elegendo um candidato "ficha limpa" para o comando da instituição.
"Pretendíamos fazer um ato simbólico de lavagem da rampa. Seria uma experiência lúdica de uma demanda da sociedade, que não quer ter um presidente ficha suja", declarou o presidente da ONG Rio de Paz, Antônio Carlos Costa.
A organização não-governamental é responsável por recolher assinaturas, em uma petição eletrônica, contra a candidatura de Renan Calheiros. Os manifestantes argumentam que a eleição do líder do PMDB para a Presidência do Senado representa um "tapa na cara da sociedade brasileira e mais um passo das lideranças políticas que hoje controlam o Congresso Nacional para a desmoralização do parlamento". A petição eletrônica soma o apoio de mais de 80 mil pessoas.
PSB quer nome que recupere imagem
Brasília. Senadores do PSB divulgaram nota ontem em que defendem que o PMDB escolha um candidato à Presidência do Senado capaz de "recuperar a credibilidade" da Casa.
O grupo de quatro senadores afirma que, além de uma plataforma de trabalho que resgate a imagem do Senado, o novo presidente precisa representar o "ideal de renovação" - num recado para que os peemedebistas não formalizem a indicação de Renan Calheiros (PMDB-AL) para disputar o cargo.
O PSB integra a coligação de partidos que apoiam o governo federal, que tem como vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP), presidente de honra do PMDB. Embora a nota não mencione o nome de Renan, senadores do partido admitem votar contra o peemedebista na eleição para a Presidência do Senado, marcada para amanhã.
"Para bom entendedor, meia palavra basta. Não é apenas a questão do nome, mas de todo o processo de escolha do candidato. Estamos há dois dias das eleições, o PMDB quer escolher o seu nome apenas na quinta-feira. Não há um processo de ideias. Vamos como carneiros para essa discussão?", questionou a líder do PSB, senadora Lídice da Mata (BA).
A nota é assinada pelos quatro senadores do PSB: Lídice, Rodrigo Rollemberg (DF), Antônio Carlos Valadares (SE) e João Capiberibe (AP). Segundo a senadora, a bancada vai votar "unida" no novo presidente. O partido espera que o PMDB escolha outro nome, mas cogita apoiar um senador "independente" se Renan for mantido na disputa pelos peemedebistas.
A bancada se irritou depois que a Mesa Diretora do Senado divulgou tabela em que considera apenas três senadores do partido - uma vez que Capiberibe assumiu seu mandato no ano passado, depois de ser barrado pela Lei da Ficha Limpa. O parlamentar tomou posse de sua cadeira depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a validade da lei nas eleições realizadas em 2010.
Fonte: Diário do Nordeste
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