Mais de 3,5 milhões do peixe foram vacinados para prevenção da estreptococose, doença típica da espécie
Crato. Desde março de 2012, as criações de tilápias do Ceará estão sendo vacinadas. No Brasil, o Estado é o maior produtor e também consumidor deste tipo de peixe. A aquicultura já se configura como sendo um dos setores de grande impacto para a economia cearense. Agora, os investimentos estão voltados para a região do Cariri, que apesar de ainda ter cultivo incipiente, está desenvolvendo ações para incrementar a atividade. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (Ifce) realizou palestras e capacitações sobre prevenção e tratamentos de doenças da espécie.
Na região do Cariri, mensalmente, são produzidas, aproximadamente, 150 toneladas do peixe. Mas, o cultivo existe em outros 57 municípios do Ceará. Ao todo, a produção é permitida em 60 açudes, de acordo com dados da Associação dos Aquicultores do Ceará. O potencial produtivo do Estado chega a ser de 236 mil toneladas, por ano. Porém, hoje, são produzidas apenas 30 mil toneladas.
Equipes são capacitadas para aplicação da AquaVac Strep Sa, que faz a imunização ativa dos peixes durante o período de sete meses
Diferente do Sudeste do País, na região ainda não há grandes investimentos na atividade. Segundo a Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh), o Ceará possui um acúmulo de água em torno de 18.155.788,333 metros cúbicos. Ainda em 2008, a Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece) fez o mapeamento da produção de tilápias no Estado. Ao todo, o estudo identifica 100 empresas produtoras e 25 projetos comunitários, envolvendo cerca de 500 criadores.
De acordo com o médico veterinário e doutor e mestre em aquicultura e águas continentais, Leonardo Cericato, as novas tecnologias para o setor estão sendo popularizadas. Entretanto, a mão de obra escassa e a falta de grandes investidores impedem o desenvolvimento da atividade no Ceará. "É preciso investir em novas tecnologias de automação para a atividade, além da necessidade de políticas de incentivo do Governo do Estado, não só para os pequenos produtores, mas que seduzam os grandes grupos produtores a investir no Estado", afirma.
Dentro da tilapicultura, existe uma enfermidade que causa grandes perdas para os produtores, a estreptococose, que acomete animais adultos causando o nado em rodopios, barriga inchada e olho saltado. Ao longo da produção intensiva de tilápias, esta é a doença que mais provoca a morte dos peixes. Como forma de preveni-la, foi lançada no mercado pela MSD Saúde Animal, uma única vacina, a AquaVac Strep Sa, que é indicada para imunização ativa. O método está sendo utilizado em todo o País. No Ceará, mensalmente, são vacinados cerca de 600 mil animais. Dentro do ciclo da produtividade, de 15% a 20% das tilápias são acometidas por este mal, podendo gerar perdas significativas ao setor.
A estreptococose é uma doença exclusiva das tilápias. A vacina tem como benefício direto a minimização das mortes dos peixes, além das vantagens de desenvolvimento dos animais durante o cultivo, aumento da produtividade final, redução do uso de antibióticos, maior sustentabilidade do ambiente de produção, melhorias na uniformidade do lote, peso médio e valor de venda. Com a vacinação, os investidores adquirem mais estabilidade da qualidade do produto e garantem a segurança alimentar aos consumidores. O custo médio da dose imunizadora é de apenas R$ 0,09 centavos, podendo ser comprada através da rede Pro-Farm, distribuidor em todas as regiões do Ceará. Por se tratar de uma transferência de tecnologia, o produto não está disponível nas farmácias veterinárias.
Manejo
Após os produtores adquirirem a vacina, uma equipe especializada em vacinação de peixes disponibiliza capacitações para que eles possam acompanhar a implantação do manejo.
A vacinação é rápida, simples e segura. Nela, é aproveitado o manejo da repicagem ou classificação por volta de 30 gramas de peso. Previamente, os animais são sedados com um produto natural à base de cravo-da-índia, por cerca de um minuto. Esse processo minimiza o stress dos peixes e possíveis lesões durante a administração. Um vez anestesiadas, as tilápias são encaminhadas à mesa de classificação, aonde é aproveitado o momento para inocular a vacina, que é aplicada entre as nadadeiras peitorais. Com uma única aplicação, o peixe permanece por sete meses sem apresentar a doença.
Melhorias
"É preciso investir em novas tecnologias de automação para a atividade, além dos incentivos públicos"
Leonardo Cericato
Médico veterinário da MSD Saúde Animal
Mais informações
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (Ifce)
Rodovia CE-292
Bairro Gisélia Pinheiro- Crato
Telefone: (88) 3586.8100
YAÇANÃ NEPONUCENA
REPÓRTER
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