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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

CNBB defende projeto de Reforma Política

plebiscito 
Urna para o plebiscito popular e ficha para assinatura do eleitor 
que defende o projeto de iniciativa popular a ser apresentado
 ao Congresso Nacional estão distribuídas em 
brasileiros
FOTO: HELOSA ARAÚJO 
 
A Regional Nordeste I da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e mais 400 organizações sociais iniciaram nesta semana, no Ceará, a coleta de assinaturas para o projeto de Lei de Iniciativa Popular que quer garantir a reforma política. Também tem sido feito o recolhimento de votos para o plebiscito popular pela criação de uma Assembleia Constituinte Exclusiva voltada para a transformação do sistema político brasileiro.

As duas iniciativas, apoiadas pela CNBB, têm ocorrido em todo Brasil e buscam colocar em evidência debates sobre as necessidades de se implantar mudanças significativas no sistema político brasileiro, segundo o comunicado da própria instituição.

De acordo com o assessor das pastorais sociais da Arquidiocese de Fortaleza, padre Luís Sartorel, as urnas destinadas ao plebiscito serão disponibilizadas nas pastorais e paróquias até o próximo domingo, feriado de 7 de setembro e data da realização de mais uma edição do Grito dos Excluídos. Já as fichas que serão anexadas ao Projeto de Lei de Iniciativa Popular ficarão disponíveis até que seja alcançado o número de 1,5 milhão de assinaturas, mínimo exigido para este tipo de proposta.

"Para participar do plebiscito, basta apresentar um documento. Já no projeto de Iniciativa Popular, é necessária a apresentação do título de eleitor. Quem não tiver tempo durante essa semana para participar desses dois processos, as urnas e fichas de assinatura também serão disponibilizadas durante o Grito dos Excluídos", explicou o padre Sartorel.

Empresas

O projeto de iniciativa popular tem o objetivo de afastar das eleições a influência do poder econômico sobre as candidaturas, proibindo o financiamento das campanhas com dinheiro de empresas privadas. Como alternativa, a proposta ressalta que a doação aos candidatos devem ocorrer, de forma limitada, apenas por meio de financiamento democrático, público ou oriundo de pessoas físicas.

A ideia também é alterar o sistema eleitoral, implementando eleição em dois turnos. Enquanto o primeiro seria destinado para o eleitor fazer a escolha de uma proposta, o segundo turno serviria para definir qual candidato colocará em prática o projeto aprovado anteriormente. "Adotar o sistema eleitoral chamado "voto transparente", proporcional em dois turnos, pelo qual o eleitor inicialmente vota num programa partidário e posteriormente escolhe um dos nomes da lista ordenada no partido, com a participação de seus filiados, com acompanhamento da Justiça Eleitoral e do Ministério Público", detalhou o projeto.

A proposta apoiada pela CNBB ainda defende o fortalecimento da participação das mulheres e demais grupos subrepresentados na política brasileira.

Ao contrário da atual legislação eleitoral que exige apenas o mínimo de 30% de mulheres ou de homens nas listas de candidatos apresentados pelos partidos, a projeto de iniciativa popular defende que deveria ser promovida a alternância de homens e mulheres nas candidaturas formalizadas junto aos Tribunais Regionais Eleitorais.

"Porque o Brasil, onde as mulheres representam 51% dos eleitores, é um País de sub-representação feminina, com apenas 9% de mulheres na política", justificou a CNBB em documento divulgado para as eleições estaduais e nacional deste ano.

Mudanças

A iniciativa também cobra uma redução nas exigências constitucionais de forma a garantir mais efetividade aos mecanismos de democracia participativa. "Fazer Reforma Política é fazer as indispensáveis mudanças nas regras eleitorais hoje estabelecidas, bem como melhorar a representação do povo nos postos políticos, além de regulamentar os instrumentos da democracia participativa, através da qual, o próprio povo brasileiro decidirá, nos temas mais profundos e de maior impacto no País, qual é o caminho a seguir", afirmou o documento distribuído em todos os estados brasileiros.

O padre Luís Sartorel pontuou que a Igreja tem procurado esclarecer aos fiéis que a agilidade na tramitação do projeto vai depender do Congresso Nacional, mas um documento divulgado pela CNBB frisou que nenhum dos pontos defendidos pela iniciativa exigem Projetos de Emenda Constitucionais (PECs), o que evita mais obstáculos na tramitação da proposta.

Congresso

Já o plebiscito popular foi iniciado com a intenção de pressionar as instâncias governamentais a convocar um plebiscito oficial para ouvir a população sobre a convocação da Assembleia Constituinte Exclusiva. Esse grupo à parte excluiria qualquer pessoa que exerceu nos últimos oito anos um mandato de cargo eletivo para evitar a influência partidária sobre a reforma política estudada.

No ano passado, depois de várias manifestações populares, a presidente Dilma Rousseff chegou a reclamar do Congresso Nacional a convocação de um plebiscito para decidir sobre a instalação de uma Assembleia Nacional Constituinte, exclusiva, para votar a Reforma Política, o que acabou não acontecendo.
 
Fonte: Diário do Nordeste.

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