Arte rupestre entalhada na caverna de Gorham, em
Gibraltar (Foto: Reuters)
Gibraltar (Foto: Reuters)
Uma série de linhas entalhadas em rochas encontradas em uma caverna no
sul da Europa pode ser a prova de que os neandertais eram mais
inteligentes e criativos do que se pensava. Os desenhos dentro da
caverna Gorham, em Gibraltar, são o primeiro exemplo de arte rupestre
neandertal, segundo equipes científicas que estudam o local. O achado é
importante pois indica que os humanos modernos e seus primos extintos
possuíam a capacidade comum de se expressar de forma abstrata.
O estudo, divulgado na segunda-feira (1º) pela publicação da
Academia Nacional de Ciência, examinou os sulcos que foram cobertos por
sedimentos. Arqueólogos haviam antes encontrado artefatos associados com
a cultura neandertal em uma camada superior, o que indicava que os
desenhos eram anteriores, segundo Clive Finlayson, um dos autores do
estudo.
"É o último prego no caixão da hipótese de que os neandertais eram
cognitivamente inferiores aos humanos modernos", disse Paul Tacon,
especialista em arte rupestre da universidade Griffith, da Austrália.
Tacon, que participou do estudo, disse que as artes exigiram um grande
esforço para serem produzidas e seus fins eram rituais ou comunicação,
ou ambos.
"Jamais saberemos o que significou essa marca para quem a fez ou para
os neandertais que habitaram a caverna, mas o fato de que eles marcavam
assim seu território antes da chegada dos humanos modernos tem profundas
implicações para os debates sobre o que significa ser humano e as
origens da arte", disse Tacon.
Mas nem todo mundo está convencido. Outro estudo recente que examina a
data de vários sítios arqueológicos pela Europa levanta a possibilidade
de que as artes não tenham sido feitas por neandertais, mas por humanos
modernos. Os neandertais desapareceram entre 41.030 e 39.260 anos atrás,
quando os humanos modernos chegaram à Europa, entre 45 e 43 mil anos
atrás, segundo esse estudo, deixando alguns anos de sobreposição.
"Qualquer descoberta que ajude a melhorar a imagem pública dos
neandertais é bem-vinda", disse Clive Gamble, arqueólogo da universidade
de Southampton, na Inglaterra. "Sabemos que eles falavam, viviam em
grandes grupos sociais, olhavam os doentes, enterravam os mortos e eram
muito bem sucedidos nos ambientes de gelo. Por isso, entalhes em pedra
devia estar a seu alcance". "O que é crítico, no entanto, é a datação",
disse Gamble.
Fonte: Ciência e Saúde/G1
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