O pesquisador Edecio Cunha Neto, do Instituto do Coração
(Incor),
que trabalha no desenvolvimento da vacina anti-HIV brasileira
(Foto: Sergio Barbosa/Incor)
Novos testes da vacina anti-HIV desenvolvida por pesquisadores
brasileiros devem ter seus resultados concluídos no mês que vem, segundo
o pesquisador Edecio Cunha Neto, do Instituto do Coração (Incor). O
desenvolvimento da vacina foi tema da conferência de encerramento da
XXIX Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimetnal
(FeSBE), no mês passado.
A vacina, que está sendo desenvolvida por pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP, do Incor e do Instituto Butantan, é composta de 18 fragmentos de DNA do vírus HIV, comprovadamente capazes de produzir uma resposta forte no sistema imune.
Em fevereiro, os pesquisadores anunciaram que testes da vacina feitos
com quatro macacos tiveram resultados positivos. Os animais tiveram uma
resposte imune até 10 vezes maior do que o que tinha sido observado em
camundongos.
Agora, os mesmos animais passaram por uma nova vacinação, desta vez
composta de uma proteína recombinante do envelope do HIV, que é a
proteína da parte externa do vírus, que se encaixa nas células do
organismo para invadi-las. “É de interesse fazer uma imunização que gere
um anticorpo contra a proteína do envelope porque esses anticorpos
podem recobrir o HIV e dificultar muito que ele consiga penetrar e
invadir uma célula”, diz Cunha Neto.
O objetivo do teste é saber se os animais imunizados com a vacina com
proteína do envelope seguida da vacina de DNA terão uma resposta contra a
proteína do envelope melhor do que os animais que só receberam a vacina
com a proteína. “Isso é o que a gente está testando exatamente agora e
daqui mais ou menos um mês vamos ter os resultados.”
Próxima etapa
Na próxima etapa de testes, os fragmentos de DNA que compõem a vacina serão inseridos dentro de vírus atenuados de varíola e de adenovírus de chimpanzé. “A resposta é muito mais forte quando o antígeno está dentro de um vírus. A gente quer mudar de uma vacina de DNA para uma vacina usando vetor viral, que vai dar uma resposta muito mais forte em primatas e humanos”, diz o pesquisador.
A nova estratégia deve ser testada em quatro grupos de seis macacos no
Instituto Butantan. No entanto, ainda não há uma previsão de data para a
realização dos testes. Isso porque para trabalhar com vetor viral, que
tem possibilidade de ser patogênico para o ser humano, são necessárias
instalações especiais para hospedagem dos animais e realização dos
procedimentos.
“Estamos esperando chegar um módulo pronto, que tem tudo preparado para
receber os cerca de 30 animais, para que eles fiquem sem contato com o
meio externo e de modo que todo material que sai de lá é incinerado.” Os
testes só poderão prosseguir a partir da chegada dessas instalações,
segundo o pesquisador.
Fonte: Ciências e Saúde/G1
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