Há sete meses o militar Francisco Paulo Duarte, 37 anos, introduziu a
corrida na sua rotina diária. Cearense que mora em Natal, no Rio Grande
do Norte, ele já vê os benefícios da atividade física regular no dia a
dia. Está 10 quilos mais magro e com maior disposição. Por conta do
horário de trabalho, corre à noite. Mas muitos preferem sob o sol forte,
forçando os limites em subidas com a ideia de que isso aumentará a
resistência. Um grande engano, apontam especialistas. Correr sob sol
escaldante aumenta o desgaste do corpo e amplia as chances de lesões.
Por isso, são precisos cuidados especiais.
Os especialistas recomendam evitar os horários de sol forte. Prefira
correr cedo da manhã ou à noite. Se for praticar o exercício durante o
dia, capriche no protetor solar, mesmo que o dia esteja nublado. Mas
fuja do horário entre meio-dia e 14h. É muito mais perigoso, mesmo
protegido com protetor solar, roupas leves e tênis apropriado. O médico
cirurgião ortopedista do Hapvida Fortaleza Rodrigo Astolfi afirma que os
riscos para a saúde crescem por conta do maior estresse cardíaco nessas
circunstâncias.
"Existe um tipo de treinamento para atletas que se faz no calor para
aumentar a capacidade cardiopulmonar. Nesses casos, o coração trabalha
dobrado. Muito sangue vai para a pele e as artérias do músculo também se
dilatam. O coração precisa mandar sangue para pele e para o músculo. O
ritmo cardíaco explode. É um estresse muito alto", diz. A corrida sob
calor intenso requer cuidado especial. "É preciso muita cautela, com uso
de frequencímetro e supervisão de um profissional", complementa o
médico.
A nutricionista do Hapvida Tanara Ferreira concorda. Segundo ela, no calor intenso o atleta desidrata mais rapidamente, sobrecarrega o coração e também acelera a perda das reservas de carboidratos, causando perda na musculatura. "Ocorre justamente o contrário que é a intenção do corredor, que seria de fortalecer o músculo", diz a nutricionista.
A nutricionista do Hapvida Tanara Ferreira concorda. Segundo ela, no calor intenso o atleta desidrata mais rapidamente, sobrecarrega o coração e também acelera a perda das reservas de carboidratos, causando perda na musculatura. "Ocorre justamente o contrário que é a intenção do corredor, que seria de fortalecer o músculo", diz a nutricionista.
Alimentação e hidratação
Ela indica ingestão de alimentos de fácil digestão antes da prática de
exercícios. "Não recomendo correr em jejum. O organismo vai tirar das
reservas do próprio músculo para suprir o exercício. Há também o risco
de queda na taxa de glicemia", conta. Na opinião de Tanara, é importante
comer antes, depois e até durante exercício, caso este seja prolongado.
"Há suplementos à base de carboidratos, sucos, alimentos em forma de pó
e gel, que são bastante utilizados. Não recomendo barras de cereais
durante o exercício porque contêm fibras e elas demoram a ser
digeridas", explica.

A nutricionista defende a contínua hidratação. Uma dica é se pesar
antes e após o exercício para saber quanto deve repor de água.
"Importante tomar 500 ml duas horas antes de correr, por exemplo, e
tomar 50 ml a cada 20 minutos durante a atividade. Não é para ficar com o
estômago cheio de água. Mas é importante procurar se hidratar", avalia.
Mito de correr na areia
O médico desmistifica outra grande crendice popular de que correr na
areia faz bem para músculos e articulações. "Muita gente acha que é bom
correr na areia. Mas é péssimo, pois você está solicitando um trabalho a
mais dos músculos pequenos, que não lidam bem com isso", revela.
Conforme o médico, esse tipo de atividade aumenta a probabilidade de
lesões. "São coisas que não devem ser feitas: correr no calor, na praia,
e fazer atividade intensa sem fortalecer a musculatura", lembra Rodrigo
Astolfi.
Dores
Mesmo quem evita o forte calor, as condições climáticas adversas e
terrenos inapropriados, sofre com as dores pós-treino. De acordo com os
médicos, a maioria dos novatos desiste após os primeiros sinais de
desconforto nos pés, pernas e articulações.
Para Rodrigo Astolfi, é preciso ter consciência de que as dores são
normais, fazem parte do processo de envelhecimento do organismo. Ele
recomenda aceitar as limitações do corpo, aprender a conviver com o
desconforto e procurar meios de amenizar as dores para que o exercício
continue sendo um hábito saudável.
É preciso que o sistema músculo-esquelético se adapte às corridas.
Evite forçar a barra. "Em poucas semanas, a pessoa já começa a correr 2
km, 5 km, 10 km e 20 km. O coração e o pulmão rapidamente dão conta. O
mesmo não acontece com os músculos", afirma.
O alongamento e o fortalecimento muscular são fundamentais, tão
importantes quanto a própria corrida. O ideal é fazer fortalecimento
muscular na academia, a musculação, ou aulas de pilates, treinamento
funcional e ioga.
Esses exercícios são métodos eficientes para tornar o efeito da corrida mais saudável e prazeroso. Faça chuva ou faça sol.
Fonte: G1/CE

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