Uma tecnologia mostra que há forma de manter plantio e pecuária com reserva hídrica, mesmo em período de seca
Canindé. O exemplo está neste município. Mesmo com a seca, um criador de gado descobriu uma forma de conviver com a estiagem prolongada. Higino Luis Barros de Mesquita, proprietário da Fazenda Riacho do Facão, localizada no povoado de Santa Clara, a 24 quilômetros da sede de Canindé, tem criação bovina que é considerada modelo na região. Ele adotou tecnologias de convivência com o semiárido, como a barragem subterrânea e o cultivo de plantas nativas da região que servem para a nutrição animal.
Cacimba cavada no leito do rio possibilita água para os animais. A criação na Fazenda Riacho do Facão é considerada modelo, especialmente neste período de seca Fotos: Antônio Carlos Alves
O agropecuarista mantêm animais, entre vacas de leite, novilhas e bezerros, em 11 hectares de terra, do total de 700ha. Ele diz que retira por dia 26 litros de leite para o consumo caseiro. Para assegurar a alimentação dos animais, mesmo na seca, Higino resolveu investir na plantação de 3 hectares com cana de açúcar e 9 hectares para capim, palma, mandacaru e canafístula. Os cultivos fortalecem os suportes forrageiros da fazenda, com uma produtividade de mais de 400 toneladas por ano. Tudo isto com economia de água de 90%, conforme ele estima.
Subsolo
O produtor tem ainda uma barragem subterrânea, construída com recursos próprios, no valor de R$ 6.800,00 há oito anos. "A água fica retida no subsolo e deixa o lençol freático molhado o ano inteiro, garantindo assim a produção de várias espécies de forragens para o alimento dos animais´´, explica Higino Luis.
O produtor mudou as tecnologias para alimentar os animais. Com o alto preço do resíduo, como soja, milho e farelo, ele foi buscar nas plantações existentes em suas terras os substitutos dos produtos agropecuários. "O capim substitui o saco de resíduo de 50 quilos. Já a canafístula fica no lugar da soja. A cana de açúcar ocupa o lugar do farelo e a palma é utilizada no composto que era antes usado lugar do milho´´, ensina.
Depois de resolvido o problema da nutrição animal, Higino Luis passou a enfrentar dificuldades com a falta de água. A seca deixou o criador sem opções. Um cacimbão de 12 metros de boca, com vazão de 100 mil litros por hora, secou. Três poços profundos, com 7.400 litros e um com catavento com capacidade de 8.600 litros também esvaziaram. Os três açudes de grande porte perderam a capacidade hídrica, deixando o agropecuarista preocupado.
De imediato, ele perfurou no leito do Rio Canindé uma cacimba que mata a sede dos animais. É conhecida no meio rural como cacimba de gado e atende a todas as necessidades do rebanho. "Um sucesso", afirma.
Para o produtor, a falta de chuvas no semiárido é uma realidade já conhecida. "Eu busquei me preparar para evitar uma situação mais difícil. A partir dos projetos e tecnologias ensinadas por técnicos da agência de Canindé do Banco do Nordeste, aperfeiçoei em qualidade a minha produção´´, ressalta.
Viabilidade
Estas capacitações resultaram no investimento em barragens subterrâneas, construção de açudes, irrigação consorciada e, o que é mais importante, o manejo agropastoril para preservar o meio ambiente. "Sabemos que, praticamente, não tem água neste período, mas quero estimular outros agricultores, mostrando que é possível se adaptar à realidade, utilizando, como alternativas, o cultivo e reserva de plantios para alimentação de muitos animais´´, afirma.
Ele diz que há quase seis anos começou a plantar capim e cana de açúcar para alimentar os animais. "Com isso, aumentou a minha produção".
Para o gerente do Banco do Nordeste de Canindé, Fernando Fernandes, existem hoje tecnologias disponíveis que tem tornado possível a produção comercial de diversos insumos agrícolas e pecuários, capazes de mudar a vida do homem do campo.
"Projetos desenvolvidos pelo FNE Rural adaptam a região a se tornar resistente à seca, criando alternativas para ampliar a produção. Com isso, o cenário se modifica e começa a dar lugar a um ambiente produtivo. Apesar da seca, a região também é viável economicamente´´, afirma.
Mais informações
Banco do Nordeste
Agência em Canindé
Centro da Cidade
Telefone: (85) 3343.2125
ANTÔNIO CARLOS ALVES
COLABORADOR
Fonte: Diário do Nordeste
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